O Governo vai lançar em 2024 um programa de formação partilhada para atrair jovens médicos aos hospitais de territórios pouco povoados, um modelo que dará aos interessados benefícios salariais e de habitação.
O programa chama-se "Mais Médicos" e aplicar-se-á às sete unidades hospitalares localizadas em Bragança, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Portalegre, Santiago do Cacém e Beja.
O que está previsto neste plano anunciado pelo ministro da Saúde?
Um aumento salarial de 40% em relação à remuneração base e casa paga. São, no essencial, estes os incentivos com que o Governo pretende convencer os jovens clínicos a permanecer no interior do país. Manuel Pizarro, o ministro da Saúde, acredita que, com estes incentivos, será possível segurar médicos especialistas no interior do país ainda durante o período de formação na especialidade. Ou seja, ainda numa fase precoce da vida profissional quando, em muitos casos, estes jovens médicos ainda não constituíram família, nem compraram casa.
E a medida avança quando?
Em 2024, que é quando começa o próximo processo de formação de especialistas . A medida abrange sete hospitais nas chamadas zonas de baixa densidade. A saber: Bragança, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Portalegre, Santiago do Cacém e Beja.
Ou seja, um médico que inicie a sua formação, por exemplo, no Hospital de Santo António, no Porto, pode terminá-la em qualquer uma destas unidades hospitalares. O ministro da Saúde admite que será possível ver os resultados desta medida dentro de uma década. Manuel Pizarro avisa que, se nada for feito agora, há especialidades que correm o risco de desaparecer no interior do país.
Que especialidades abrange?
Sobretudo, Medicina Interna, Cirurgia Geral, Anestesiologia, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia e Psiquiatria. São alguns exemplos de especialidades onde está identificado um défice acentuado de recursos humanos.
Esta não é a primeira vez que o Governo avança com uma medida do género, mas a adesão dos médicos fica sempre aquém das expetativas. Porquê?
De acordo com os sindicatos médicos, o problema está precisamente no acréscimo salarial que parece não ser suficiente para atrair jovens médicos para o interior do país. Isto, a par com a falta de condições de trabalho nas unidades hospitalares.
De acordo com dados da Administração Central do Sistema de Saúde, em 2019 foram preenchidas 358 vagas médicas em hospitais do interior. Foi o ano com maior adesão a este regime. Desde essa altura, o número tem vindo a diminuir.
As estruturas sindicais consideram que, em tese, o modelo é positivo. Mas precisa de ser aperfeiçoado.