A Rússia pretende voltar a integrar o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH) numa eleição, marcada para 10 de outubro, que vai ser vista como um teste fundamental à sua posição internacional, avança a BBC News.
No seu documento de posição, a Rússia culpa “os Estados Unidos e os seus aliados” pela perda de adesão.
Os diplomatas russos querem que o seu país seja reeleito para o Conselho para um novo mandato de três anos.
A BBC obteve uma cópia do documento de posição que a Rússia está a distribuir aos membros da Organização das Nações Unidas (ONU), pedindo o seu apoio. A votação vai ocorrer no próximo mês.
No documento ao qual a BBC teve acesso, a Rússia promete encontrar “soluções adequadas para as questões de direitos humanos” e procura impedir que o conselho se torne um “instrumento que serve as vontades políticas de um grupo de países”, entendido como uma referência ao Ocidente.
Diplomatas disseram que a Rússia espera recuperar alguma credibilidade internacional depois de ser acusada de violações dos direitos humanos na Ucrânia e dentro das suas próprias fronteiras.
As últimas provas desses abusos foram apresentadas ao Conselho de Direitos Humanos, nesta segunda-feira, num relatório da sua Comissão de Inquérito sobre a Ucrânia. O presidente da comissão, Erik Mose, disse que há provas contínuas de crimes de guerra, incluindo tortura, violação e ataques a civis.
Nas eleições de 10 de outubro, a Rússia competirá com a Albânia e a Bulgária pelos dois assentos no conselho reservados aos países da Europa Central e Oriental.
A votação vai envolver todos os 193 membros da assembleia geral da ONU, em Nova Iorque. Diplomatas disseram que a Rússia estava a fazer uma campanha agressiva, oferecendo aos pequenos países cereais e armas em troca dos seus votos. Como tal, admitiram que era perfeitamente possível que a Rússia voltasse ao conselho.
O documento de posição russo - distribuído na ONU - diz que quer “promover princípios de cooperação e fortalecimento do diálogo construtivo e mutuamente respeitoso no Conselho, de modo a encontrar soluções adequadas para questões de direitos humanos”.
Um relatório publicado este mês por três grupos de campanha - a ONU Watch, a Fundação dos Direitos Humanos e o Centro Raoul Wallenberg para os Direitos Humanos - concluiu que a Rússia não estava "qualificada" para ser membro do CDH. "Reeleger a Rússia para o conselho agora, enquanto a guerra contra a Ucrânia ainda está em curso, seria contraproducente para os direitos humanos e enviaria uma mensagem de que a ONU não leva a sério a responsabilização da Rússia pelos seus crimes na Ucrânia", afirma o relatório.
O Reino Unido disse que “se opõe fortemente” a esta tentativa por parte da Rússia.