O Parlamento Europeu aprovou esta terça-feira uma resolução, por uma esmagadora maioria de 637 votos a favor, 13 contra e 26 abstenções, que condena com "a maior veemência a agressão militar não provocada e injustificada da Federação da Rússia contra a Ucrânia, bem como o envolvimento da Bielorrússia nesta agressão".
Os eurodeputados pedem igualmente à União para desenvolver os esforços necessários "no sentido de conceder à Ucrânia o estatuto de país candidato à adesão à UE".
Os deputados querem ir mais longe nas medidas restritivas que visem enfraquecer estrategicamente a economia e a base industrial russas. Consideram, por exemplo, que a União Europeia deve restringir as importações dos bens mais importantes exportados pela Rússia, como o petróleo e o gás ou proibir novos investimentos europeus na Rússia. Defendem que é necessário bloquear o acesso de todos os bancos russos ao sistema financeiro europeu, excluir a Rússia do sistema SWIFT e o fim dos “vistos dourados” para oligarcas russos.
Na resolução, o PE apela ainda aos Estados-membros para que acelerem o fornecimento de armas defensivas à Ucrânia, em conformidade com o artigo 51.º da Carta das Nações Unidas, que autoriza a legítima defesa, individual e coletiva.
"Provem que estão connosco"
O resultado da votação da resolução foi conhecido horas depois de o Presidente ucraniano ter discursado esta terça feira perante os eurodeputados, por vídeoconferência. Num discurso emotivo mas motivado, Volodymyr Zelensky lembrou as vítimas da guerra desencadeada pela Rússia e enalteceu a resistência dos que lutam pelo seu país. “Ninguém nos vai quebrar. Somos fortes. Somos ucranianos”, sublinhou.
Zelensky pediu à União Europeia para "não abandonar" a Ucrânia. "A União Europeia vai ser muito mais forte connosco, sem dúvida alguma. E, sem vocês, a Ucrânia estará só, isolada. Nós já mostrámos a nossa força. Já mostrámos que estamos ao mesmo nível. Por isso, por favor, provem que estão connosco e que não nos vão abandonar. Mostrem que são verdadeiramente europeus. E que assim a vida poderá prevalecer sobre a morte e sobre as trevas", afirmou.
O Presidente ucraniano recebeu uma longa ovação dos eurodeputados. Muitos parlamentares vestiam camisolas com palavras de apoio à Ucrânia ou com as cores da bandeira ucraniana. Vários tinham bandeiras ucranianas ou mostravam cartazes solidários.
O líder ucraniano ouviu, igualmente, palavras de apoio dos presidentes das principais instituições comunitárias. "Cada vez mais países estão nesta coligação anti-guerra juntos com pessoas de todo o mundo", afirmou por seu turno o presidente do Conselho Europeu. Charles Michel exortou a Rússia a "parar a guerra, voltar para casa e dialogar" pela paz.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que "hoje, a UE e a Ucrânia já estão mais próximas do que nunca. Ainda há um longo caminho pela frente. Temos que acabar com esta guerra. E devemos falar sobre os próximos passos", disse em alusão à intenção da Ucrânia aderir ao bloco comunitário.
Já a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, agradeceu a Zelensky o exemplo do seu país face à agressão russa e "os atos de heroísmo dos ucranianos". "Reconhecemos a perspetiva europeia da Ucrânia e, como a nossa resolução afirma claramente, congratulamo-nos, com a candidatura da Ucrânia ao estatuto de candidato. Vamos trabalhar para esse objetivo".