Os portugueses que vivem no Reino Unido estão muito preocupados com a eventual saída britânica da União Europeia, mesmo os que estão há mais tempo no país, que acham que “aqueles que chegaram há menos tempo poderão ter de abandonar o país”. São declarações captadas no local pela agência Lusa, que falou, entre outros, com o conselheiro das Comunidades Portuguesas, que confirma esse estado de apreensão de muitos portugueses face ao resultado que sair do referendo.
No “Público”, destaque para o artigo de opinião de Francisco Assis, o socialista fala do “referendo no Reino Unido e o seu impacto na realidade política europeia”. Acha o antigo eurodeputado do PS que “um acontecimento tão traumático como seria a saída do Reino Unido poderá ter o efeito de libertar energias até agora aprisionadas”. Já noutro artigo de opinião, Francisco Bethencourt escreve sob o título “Brexit e crise de civilização”. Diz o Professor de História no Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros do King's College, na Universidade de Londres, que “o efeito dominó da saída britânica significará o reforço da extrema-direita e, provavelmente, a dissolução da União Europeia”.
No “Económico”, olha-se já para o pós-referendo. Presidentes de instituições da União Europeia vão reunir-se sexta-feira. O objectivo, pode ler-se, é abordar que tipo de estratégia aplicar uma vez que sejam divulgados os resultados do referendo. A inquietação em Bruxelas aumenta perante a realização da consulta e a revelação de várias sondagens publicadas nos jornais “The Times”, “The Guardian” e “Daily Telegraph” que, a poucos dias do referendo, mostram um avanço do apoio ao “Brexit”.
No “Jornal de Notícias” lê-se “Milhões fazem contas à vida na incerteza do ‘Brexit’”. A uma semana do referendo, o Primeiro-ministro David Cameron não é o único a ter de lidar com o medo causado pelas mais recentes sondagens. or pânico providenciado por mais duas sondagens a darem o "Brexit" como vencedor. Os Govermnos da Irlanda, Malta, Bélgica, Holanda, Chipre e Luxemburgo - países cujas balanças comerciais beneficiam sobremaneira da relação com os britânicos - também não andarão a ter sono tranquilo.
São países cujas exportações de bens e serviços para o Reino Unido representam pelo menos 8% do Produto Interno Bruto. Os sectores mais afectados seriam o financeiro, o automóvel, de maquinaria e equipamento, o químico e o agro-alimentar. Já se sabe que a Holanda deverá ser o país que mais fica a perder: possivelmente uma quebra do PIB de 1,2% em 2030 e perdas comerciais de dez mil milhões de euros. Obviamente, Portugal também não está imune. A saída do Reino Unido deverá penalizar o PIB em 0,3 pontos percentuais entre 2017 e 2019 e fazer o país perder 300 milhões de euros em exportações, com os sectores mais atingidos a serem o automóvel, os têxteis, o químico e o agro-alimentar. As insolvências de empresas podem crescer um ponto percentual até 2019.
Lá por fora, no “El Pais”, logo na primeira página, “Cameron viaja hoje para Gibraltar para defender o ‘Não’ ao ‘Brexit’”. O chefe do Governo de Londres faz uma polémica visita a um território sob administração britânica, mas a verdade é que Espanha embora sinta o incómodo da visita, está ao lado de Cameron porque tem interesse na permanência. De resto, o “ABC” traz mesmo em manchete o título “A visita de Cameron hoje a Gibraltar enoja Espanha”. Madrid mostra o incómodo perante uma visita de um Primeiro-ministro britânico que não acontecia desde 1968. O caso vem também no “La Vanguardia” e no “La Razón” diz-se que “Espanha vai pedir uma soberania partilhada de Gibraltar se o Reino Unido sair da União Europeia”.
De volta ao “El Pais”, Nicolas Sarkozy, ex-Presidente francês, diz que “Faz falta um novo Tratado Europeu”, seja qual for o resultado no Reino Unido na próxima semana. De resto, em França, o “Le Figaro” olha para o crescimento dos eurocépticos nas mais recentes sondagens, já a edição do “Courrier International”, deixa a pergunta que só vai ter resposta de hoje a uma semana: “Bye Bye Britain?”.