O presidente da Câmara de Gondomar apresentou, esta terça-feira, ao Ministério da Administração Interna e à Associação Nacional de Municípios, uma proposta para que os eleitores em isolamento possam votar em modelo "drive thru".
Em declarações à Renascença, Marco Martins diz que pretende aproveitar as estruturas de testagem existentes no concelho para que os eleitores votem sem ter de sair do seu carro e sugere que isso aconteça no dia 29 de janeiro.
“Vamos imaginar que todos os eleitores de Gondomar votavam num único ponto, num único drive; os cerca de 140 mil eleitores que estavam nesse caderno de voto, e quem fosse votar era naturalmente feita aí a descarga do caderno eleitoral que depois era passada nessa noite para a secção de voto onde originalmente esse eleitor iria votar”, explica o autarca.
Na prática, prossegue Marco Martins, “isso permitia que a pessoa participasse, permitiria haver condições de segurança e sobretudo permitiria que se dirigissem sem qualquer tipo de inscrição prévia”.
Quem descarrega o caderno eleitoral?
“Teríamos de nomear uma mesa de voto para o drive. Cada ponto do drive teria de ter uma mesa de voto e a descarga era feita exatamente como hoje é feito o voto antecipado”, detalha.
Ou seja, “aqueles eleitores que se inscreveram para votar antecipadamente no dia 23, também será feita a descarga no dia 30 na mesa de voto. É o mesmo processo e era só replicar o que já existe. Era, sob o ponto de vista prático e logístico, aquilo que me parece que era o mais sensato, o mais exequível e, acima de tudo, o mais seguro para todos e que não desmobilizava ninguém de ir votar. Porque o que nós queremos é que as pessoas participem e os leitores contribuam para a democracia indo exercer o seu direito de voto”.
Questionado sobre o retorno desta proposta, Marco Martins diz que “ainda não” obteve resposta, nem do MAI nem da Associação Nacional de Municípios.
“Fiz a minha obrigação de contribuir com uma sugestão. Agora aguardo que quem de direito se pronuncie. Porque eu acho que nós devemos arranjar uma alternativa que não obrigue a uma inscrição prévia, nem que a pessoa saiba antecipadamente se vai poder ou não ir votar”, assume o autarca de Gondomar, que recorda a sua experiência pessoal de infetado com a Covid-19 impedido de votar nas Presidenciais de janeiro de 2021.
“A inscrição para voto antecipado tinha de ser feita com oito dias prévios para quem estava infetado para a recolha de voto ao domicílio, eu próprio, que fiquei infetado entre essa data e a data das eleições, não pude ir votar porque passou o prazo para me inscrever no voto ao domicilio”, conta.
Isolados em casa, de preferência
O médico de Saúde Pública, Bernardo Gomes, que integra o grupo que monitoriza as Linhas Vermelhas da pandemia, entende que “tudo aquilo que envolva a permanência das pessoas em isolamento em casa é preferível”.
Entrevistado pela Renascença, este especialista alude à possibilidade da utilização de “urnas volantes, ou móveis” ou por exemplo “o envio do voto por correspondência”.
Por outro lado, Bernardo Gomes admite a “hipótese da saída controlada, sem contactos com os outros (drive thru).
A terceira possibilidade, que “eu julgo que levanta maiores problemas e contra a qual já tive colegas a manifestar o seu desagrado, é a exceção nestas eleições no sentido da quebra do isolamento”.
O médico lamenta que, “passados quase dois anos do início da pandemia, se registe uma falha coletiva na não aprovação, e na não obtenção de uma lei pandémica que abordasse este e outros aspetos”.
“Estamos mais uma vez em cima de umas eleições e a ponderar como é possível dar resposta a uma necessidade mor que é aproveitar todos os votos possíveis”, lamenta.