O Governo está mais pessimista quanto às projeções para a economia portuguesa e vai rever o défice deste ano para 7%. A projeção anterior era de 6,3%.
O ministro das Finanças explica que as alterações nos pagamentos por conta fizeram reduzir a receita. “Em função das medidas de alteração do Orçamento Suplementar aprovadas na Assembleia da República, o Governo vai rever a sua projeção para o défice deste ano para um valor próximo dos 7%. A principal medida com impacto mais significativo no défice tem a ver com os pagamentos por conta, que faz reduzir substancialmente a receita este ano, para que depois é recuperado no ano que vem.”
“Dada a incerteza atual não vamos já atualizar as nossas projeções macroeconómicas, que oportunamente faremos atualizar em função da evolução económica”, afirmou o ministro das Finanças, João Leão, em declarações à Lusa no âmbito da eleição do novo presidente do Eurogrupo.
No OE Suplementar, o Governo aponta para uma contração do PIB de 6,9% em 2020, um valor mais baixo do que a previsão de - 9,8% apontada pela Comissão Europeia nas projeções económicas divulgadas na terça-feira.
O executivo comunitário espera uma contração em Portugal acima da média da zona euro (-8,7%) e da União Europeia (-8,3%), quando há dois meses estimava que ficasse abaixo, quando antecipava uma queda da economia portuguesa de 6,8%, contra 7,7% no espaço da moeda única e 7,6% no conjunto dos 27 Estados-membros.
As novas previsões de Bruxelas estão todavia basicamente em linha com as mais recentes divulgadas pelo Banco de Portugal, que estima que a recessão atinja este ano os 9,5%, registando uma recuperação de 5,2% em 2020.
Nas declarações à Lusa, João Leão sublinhou que a “elevada incerteza” introduzida pelo impacto da pandemia de covid-19 tem motivado alterações nas projeções económicas, lembrando que que esta semana a Comissão Europeia divulgou alteram “significativamente” as que tinham sido libertadas por Bruxelas há pouco mais de um mês e meio.