Entre 80 a 100 enfermeiros especialistas estão em vigília frente à residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, não só para apresentar reivindicações, mas também pedir uma reunião de emergência com António Costa.
Em declarações, por telefone, à agência Lusa, Bruno Reis, porta-voz dos Enfermeiros Especialistas em Saúde Materna e Obstetrícia (EESMO), adiantou que um dos objectivos da vigília desta noite é o de entregar na residência oficial do primeiro-ministro um pedido de reunião urgente.
"Para que ele [António Costa] possa perceber que esta é uma situação emergente, que nós pretendemos ver resolvida, para que dia 3 [de Julho], de norte a sul do país, as grávidas não fiquem sem apoio da enfermagem especializada", disse o responsável sindical.
Isto porque, se nada for resolvido e as reivindicações destes profissionais não forem atendidas, os enfermeiros especialistas deixam de desempenhar serviços especializados em 28 maternidades e nove centros de saúde a partir de segunda-feira, limitando-se às tarefas de enfermagem geral, pelas quais são pagos.
Em causa, o facto de estes profissionais trabalharem como enfermeiros especialistas, mas serem remunerados como enfermeiros de cuidados gerais, já que a primeira categoria profissional foi extinta.
Bruno Reis explicou que na base do protesto estão reivindicações com 10 anos, nomeadamente o reconhecimento pelo Ministério da Saúde da categoria do enfermeiro especialista juntamente com a sua valorização salarial.
"Nós temos competências específicas, somos uma mais-valia no Serviço Nacional de Saúde e nosso desempenho é reconhecido pela população, pelas grávidas e sem dúvida que somos uma mais-valia no exercício das nossas competências", defendeu.
O responsável adiantou que ao longo dos últimos 10 anos, mas mais insistentemente nos últimos dois meses, tentaram por várias vezes a reintrodução da categoria profissional e fizeram várias tentativas de diálogo junto do Governo.
Questionado sobre se na base desta dificuldade estará uma questão orçamental, Bruno Reis não acredita que essa seja a justificação, apesar de admitir que isso terá impacto financeiro, apontando que no início não impuseram datas predefinidas, mas sim pedidos de conversações.
Já a bastonária da Ordem dos Enfermeiros tem uma opinião diferente, defendendo mesmo que "só está em causa uma questão orçamental".
"Foi-nos dito taxativamente que o que estava em causa não era uma questão de vontade porque o ministro da Saúde reconhece a importância dos enfermeiros especialistas, não só na questão da saúde materno e obstétrica, mas também nas outras cinco especialidades que a Ordem reconhece", apontou Ana Rita Cavaco.
Para a bastonária, esta é uma explicação que não é coincidente com a realidade do dia-a-dia transmitida pela comunicação social, em que o país já está a crescer.
Sublinhou que a saúde "é um pilar básico de uma democracia" e apontou que "se há dinheiro para salvar bancos e salvar instituições financeiras sistematicamente, tem que haver dinheiro para salvar a vida das pessoas".