Um dos princípios mais característicos da Economia — e concretamente da forma de pensar do economista — é o conceito do custo de oportunidade. A melhor síntese desta ideia é devida ao economista Milton Friedman, cujo livro de 1975 se intitulava 'There's No Such Thing as a Free Lunch' (a frase vem do Século XXI, mas Friedman muito contribuiu para a sua popularidade).
Nos dias que correm estamos assistindo a mais um caso de custo de oportunidade: as admissões nas universidades americanas. Numa acção colectiva contra Harvard, a universidade é acusada de discriminar contra os alunos asiáticos. Concretamente, alega-se que os alunos asiáticos são sujeitos a barreiras mais altas no processo de admissão.
Pondo as coisas desta forma, a atitude dos administradores de Harvard parece reprovável, dir-se-ia mesmo deplorável.
No entanto, o problema pode ser visto de outra forma. Nas últimas décadas, muitas universidades têm seguido uma política de 'affirmative action', a prática de favorecer candidatos de minorias. Os argumentos desta política variam, mas a principal justificação é o objectivo de admitir um conjunto 'balanceado' de alunos, isto é, um conjunto que reflita de alguma forma a diversidade da população.
Independentemente do valor da discriminação activa, temos de admitir o facto mais elementar: favorecer certas minorias necessariamente corresponde a desfavorecer certas maiorias. Quando eu estabeleço uma barreira mais baixa para um candidato de uma minoria estou efectivamente estabelecendo uma barreira mais alta para todos os candidatos que não pertencem a essa minoria.
Podemos discutir se, dentro das 'maiorias', os asiáticos têm sido particularmente desfavorecidos. Não creio que seja o caso, mas não conheço os pormenores da Universidade de Harvard. O que é evidente é que os alunos asiáticos se tornaram num dos grupos mais fortemente representados na maior parte das universidades americanas, incluindo concretamente as universidades de elite. Nalguns casos são mesmo uma maioria absoluta.
Por este motivo, penso que o julgamento moral e legal do critério de Harvard tem de ser entendido no contexto mais vasto do debate sobre 'affirmative action'. Não há benefícios sem custos. Não há almoços grátis.