O Presidente da República é contra o aproveitamento político da tragédia em Pedrógão Grande. Em entrevista ao “Diário de Notícias”, Marcelo Rebelo de Sousa diz que não lhe passa pela cabeça que alguém possa esconder o número de vítimas mortais.
A propósito da contagem das vítimas de Pedrógão Grande, diz que não lhe "passa pela cabeça que, quem quer que seja, a pretexto de desdramatizar, possa minimizar o apuramento cabal dos factos e das responsabilidades".
Nestas declarações, lembra que vivemos numa democracia e, "portanto, em democracia não há desaparecimento de vítimas, não há, como se contava de algumas ditaduras estrangeiras, aviões a lançar corpos no mar. Isso não existe".
O Presidente entende que se trata de "um facto particularmente relevante e grave", mas pede "cabeça fria".
"É verdade que há debate político, em democracia há debate político, há período pré-eleitoral, estamos a dois meses das eleições autárquicas", recorda Marcelo, que pede "serenidade" nesse debate.
A entrevista vai ser publicada na íntegra no próximo fim-de-semana.
A Procuradoria-Geral da República invocou a tranquilidade pública para divulgar a lista oficial de mortos do incêndio de Pedrógão, algo que segunda-feira garantia não poder fazer por se encontrar em segredo de justiça. A lista mantém o número oficial de 64 mortos directos.
O incêndio que deflagrou a 17 de Junho em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou mais de 200 feridos e só foi dado como extinto uma semana depois.
Das vítimas do incêndio, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.