O Papa criticou, esta quarta-feira, no Vaticano, uma sociedade “anestesiada pelo divertimento” e pediu um novo entendimento do descanso, que valorize o domingo como dia de encontro consigo e os outros.
“Nunca o homem descansou tanto como hoje; no entanto, nunca o homem sentiu tanto o vazio como hoje”, assinalou, perante milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro para a audiência pública semanal.
O encontro foi dedicado ao “dia do repouso”, na tradição bíblica, o domingo para os cristãos, um dia de “Eucaristia”, ou seja, de “ação de graças”.
“Tanta gente, tanta, que tem a possibilidade de divertir-se, e não vive em paz com a vida. Domingo é dia de fazer as pazes com a vida, dizendo, a vida é preciosa! Não é fácil, às vezes é dolorosa, mas é preciosa”, declarou Francisco.
O Papa sublinhou que só aparentemente é fácil cumprir este preceito do “repouso” semanal, numa sociedade “sedenta por entretenimento e férias”.
“A indústria do entretenimento – escutem bem, a indústria do entretenimento – é muito florescente e a publicidade desenha o mundo ideal como um grande parque de diversões onde todos se divertem. O conceito de vida dominante hoje não tem o centro de gravidade em atividade e compromisso, mas na evasão”, advertiu.
O pontífice sustentou que esta existência “anestesiada pelo divertimento” leva a uma “alienação e fuga da realidade”.
Após a reflexão, Francisco saudou os peregrinos de língua portuguesa, particularmente aos fiéis do Porto e do Brasil.
“Sois chamados a ser testemunhas do Evangelho no mundo, transfigurados pela alegria e pela graça misericordiosa que Jesus nos dá cada domingo na Eucaristia. Desça sobre vós e sobre vossas famílias a bênção de Deus”, disse.