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Marta Temido revelou este domingo que o R0 (número de novos casos gerados a partir de um único confirmado) voltou a subir em Portugal, para 1.04, depois de já ter estado em 0.95. Face a este aumento da taxa de transmissão, a ministra da Saúde apela à responsabilidade social da população para manter as medidas de contenção da Covid-19.
"O risco subiu um pouco em algumas regiões. Da última vez que falei do assunto, estava em 0.95, e não divergia muito entre as diversas regiões de saúde. Nestes dias está em 1.04, com variações entre as regiões, 0.99 no Norte, 1 no Centro e 1.2 em Lisboa e Vale do Tejo. Estamos a verificar as circunstâncias que são conhecidas, mas estes números mostram que a variação depende da nossa ação individual", disse a governante em conferência de imprensa.
A ministra continua a calcular que o pico de Covid-19 em Portugal tenha sido atingido entre os dias 23 e 25 de março, mas recorda que a doença não está ultrapassada.
"Mantém-se a necessidade de medidas de saúde pública. Não haverá um regresso à normalidade como conhecíamos, temos de aprender a viver com a doença até que um tratamento ou vacina sejam identificados", diz.
Portugal ainda está em estado de emergência e a palavra de ordem continua a ser a contenção, sublinha Temido: "As pessoas têm de seguir as regras, que é o distanciamento social. No momento seguinte, vamos avaliar o contexto e ditar novas regras."
Quase uma em cada dez infeções ocorre devido a transmissão social
Marta Temido revelou ainda os resultados de um estudo da Direção-Geral de Saúde (DGS) sobre os casos de novo coronavírus em Portugal, avaliando 2.958 casos positivos entre o período de 18 e 24 de abril.
Destes, 9% tinham ocorrido em ambiente social, ou seja, através do contacto com amigos ou familiares que não são coabitantes.
"9% referem-se a casos de transmissão social, ou seja, contacto com amigos ou familiares que não coabitam no mesmo espaço. O local de coabitação continua a ser o principal contexto de infeção, com cerca de 30% dos casos. 25% ocorrem em questão de surto, como lares, IPSS, uma empresa e dois hósteis", diz.
A Renascença ainda não conseguiu obter informações junto da DGS e do Ministério da Saúde que permitam esclarecer em que contexto se dão os restantes 36% de contágios, de acordo com o mesmo estudo.
Na conferência de imprensa, a ministra da Saúde revelou ainda que Portugal está a equacionar medidas tecnológicas para contenção da pandemia.
"Todas as formas de acompanhamento do regresso à atividade estão a ser equacionadas, algumas em desenvolvimento de instrumentos que não temos à disposição, como outros países. As medidas são adequadas".
Medição de temperatura é legal, reforça ministra
Em relação à polémica da medição da temperatura temporal, a ministra da Saúde defende que, em primeiro lugar, as pessoas devem medir duas vezes ao dia a temperatura, e se perceberem que há um padrão de febre, não deverão ir trabalhar, ou devem contactar a entidade profissional.
Depois, repetiu as ideias do comunicado divulgado ontem pelo Ministério do Trabalho. Nele, a tutela garante que a medição é legítima em quatro situações: se existir “consentimento expresso” do trabalhador; se for realizada por “um profissional de saúde sujeito a sigilo ou por outra pessoa com dever de confidencialidade”; se for “por motivos de interesse público no domínio da saúde pública”; e por último, se a finalidade for “a proteção e segurança dos trabalhadores e/ou de terceiros”.
Este domingo, o bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão, garantiu à Renascença que é ilegal as empresas medirem a temperatura dos seus trabalhadores, mesmo no contexto da pandemia de Covid-19.