Estávamos a 13 de outubro de 1922. Pela mão de Manuel Marques dos Santos, na Cova da Iria nascia a Voz da Fátima. Um jornal que pretendia acompanhar os desenvolvimentos do lugar onde Nossa Senhora tinha aparecido poucos anos antes.
Com o passar do tempo, o jornal revelar-se-ia não só um guardião da memória da história das aparições, mas também um pilar fundamental na construção do fenómeno de Fátima.
Marco Daniel Duarte, do conselho de redação do jornal e diretor do Departamento de Estudos do Santuário explicou à Renascença que o jornal “ajuda a construir o fenómeno de Fátima”, pois dá “notícia daquilo que aqui acontece”, mas também “leva os seus leitores a refletirem sobre o fenómeno e a experiência deste lugar, através de textos típicos da imprensa escrita”.
O jornal católico com maior tiragem
Com 72 mil exemplares a saírem todos os meses, a Voz da Fátima é o jornal católico com maior tiragem, o que prova que, apesar das tecnologias, há quem não dispense um jornal em papel. “Num tempo em que reina a informação nos telemóveis, nos ipads, nos computadores, a informação digital, o Santuário entende que continua a fazer sentido a informação ficar ‘preto no branco’ no seu jornal”, justifica Marco Daniel Duarte. Por outro lado, dá resposta aos leitores que não conseguem ter acesso às tecnologias.
Mas desengane-se quem pensa que só os idosos gostam de ler o jornal em papel. Cátia Inês tem 33 anos e começou a ter acesso à Voz da Fátima na adolescência. Hoje é enfermeira em Castelo Branco e não dispensa a leitura do jornal porque “acaba por estar muito mais completo.” “É duma riqueza imensa” acrescenta a jovem, que diz guardar cada exemplar da Voz de Fátima. “Tenho-os todos guardados por meses, porque não consigo desfazer-me deles” refere a jovem, que admite que o jornal “acaba por ser também um instrumento de trabalho”, ao guardar informação que, mais tarde, ela vai buscar para o seu serviço no Movimento da Mensagem de Fátima.
Exposição mural mostra edições antigas
As comemorações do centenário tiveram início em outubro de 2021, e este sábado, 27 de novembro, atingem um dos pontos altos. No recinto de oração será inaugurada a exposição mural: “Voz da Fátima – primeiras páginas”. Uma exposição com fotografias de várias edições do jornal, que podem ser vistas desde o alto do recinto de oração até à capelinha das aparições, consoante o percurso que o visitante quiser fazer.
Para abril de 2022, estão previstas as jornadas de comunicação “O mundo visto de Fátima” com especialistas da academia e responsáveis da imprensa de inspiração cristã que refletirão sobre o papel do jornalismo católico na construção do Portugal moderno.
Em junho, a edição do jornal será escrita, editada e publicada por crianças de todo o país. A encerrar o centenário, será lançada uma publicação científica sobre o jornal.