O Banco Central Europeu (BCE) alerta que a corrida às emissões zero pode levar a falências em cadeia.
Segundo um estudo publicado esta terça-feira, um cenário de transição, com um aumento substancial dos preços do carbono, produz perdas avultadas para seguradoras e fundos. Para evitar falências, é necessária uma transição ordenada para as emissões zero, em 2025.
Este trabalho, realizado com o Comité Europeu do Risco Sistémico (CERS), contabilizou, através de testes de stress, a percentagem de ativos sob ameaça.
Num cenário de transição ambiental desordenada, com um aumento imediato e substancial dos preços do carbono, as perdas de mercado para seguradoras e fundos de investimento podem representar 3% e 25%, respetivamente, dos ativos submetidos a testes de stress a curto prazo.
Em contrapartida, uma transição ordenada para emissões zero em 2025 pode suavizar este impacto e reduzir a probabilidade de falências, entre 13% e 20% em 2050, face às atuais políticas climáticas.
Os bancos também teriam vantagens, porque diminuem as perdas nos empréstimos a essas empresas.
Este estudo identifica ainda eventos climáticos que aumentam o risco no sistema financeiro, como as ligações económicas e financeiras entre bancos e empresas.
Por exemplo, "um aumento dos preços do carbono poderia aumentar a probabilidade de que o fracasso de uma empresa conduza ao fracasso de outra".
Inundações, secas ou incêndios podem obrigar a ajustar o preço dos riscos climáticos e levar os bancos a vender rapidamente e até de forma distorcida os ativos expostos.