Cerca de 1,9 milhões de pessoas saíram da Venezuela desde 2015 para fugir à crise económica e política que o país atravessa, anunciou a ONU.
“Atualmente, cerca de 5.000 pessoas abandonam a Venezuela a cada dia, é o maior movimento de população na história recente da América Latina”, afirmou o Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi, na abertura da reunião anual do comité executivo da agência em Genebra.
“Com mais de 2,6 milhões de venezuelanos fora do país, é essencial uma abordagem política e humanitária para ajudar os países que os recebem em número crescente”, defendeu.
Um porta-voz do ACNUR, William Spindler, explicou que o fluxo diário de 5.000 pessoas referido por Grandi é “uma tendência que se observa desde o princípio deste ano” e sublinhou que, apesar de a crise ter já vários anos, “o grande êxodo começou este ano”.
“Com base nos dados oficiais, estimamos que 1,9 milhões de venezuelanos deixaram o país desde 2015 com destino principalmente a outros países da América do Sul como o Brasil, a Colômbia, o Equador e o Peru”, precisou.
O ACNUR e a Organização Internacional das Migrações (OIM) anunciaram a 19 de setembro a nomeação do ex-vice-presidente da Guatemala Eduardo Stein como “Representante especial para os refugiados e migrantes venezuelanos”, para trabalhar com os governos da região.
A grave crise económica que afeta a Venezuela, marcada por uma acentuada recessão, hiperinflação e escassez de alimentos, medicamentos e outros produtos básicos, provocou um êxodo maciço de centenas de milhares.
“Louvo os países que mantiveram as suas fronteiras abertas e que oferecem asilo ou outras formas de permanência legal” aos venezuelanos, declarou Grandi.
Mas, prosseguiu, “há ainda muito a fazer para garantir a coerência regional da resposta dada em matéria de proteção”.