No rescaldo do anúncio do PS de que volta a deixar passar um orçamento municipal de Lisboa, Carlos Moedas diz-se "muito contente" com a abstenção dos vereadores socialistas na votação.
Em declarações à Renascença, esta sexta-feira, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa elogia a "responsabilidade" do PS em "deixar passar" o documento. Em minoria, o autarca vai ver o segundo orçamento municipal aprovado pela oposição, que tem acusado de ser uma "força de bloqueio" desde o início do mandato.
"Penso que é lógico [viabilizar o documento] e que o Partido Socialista mostra responsabilidade", admite o antigo secretário de Estado à margem de uma inauguração de uma placa comemorativa do 25 de novembro, em São Domingos de Benfica.
Moedas ressalva no entanto que há mérito da coligação Novos Tempos em conseguir passar o documento. "Pela maneira como o construímos, como o fizemos, é um orçamento que só poderia passar", defende."Os lisboestas precisam deste orçamento", dispara o antigo comissário europeu.
Para justificar, o autarca de Lisboa diz que o orçamento "tem uma função social extraordinária", e ostenta os argumentos com que monta esta tese: plano de Saúde 65+ - anunciado em outubro; um "aumento de 20% na área social"; "40% da área de habitação"; e o investimento em novos autocarros.
"É uma boa notícia". A frase é de Carlos Moedas em relação à abstenção dos vereadores do PS na CML. Com a cancela aberta, o líder da coligação Novos Tempos não responde diretamente à Renascença se continua a fazer sentido chamar "força de bloqueio" à oposição no executivo camarário.
Moedas mantém-se fora do Costa vs. Costa
"Eu não vou fazer comentários sobre o primeiro-ministro", respondeu Moedas quando questionado se concordava com as declarações de Miguel Poiares Maduro, que esta semana disse à Renascença que a confirmar-se que António Costa pressionou Carlos Costa no processo de afastamento de Isabel dos Santos do EuroBic, o Governo pode cair.
Na sequência das ondas de choque provocadas pelo testemunho do antigo governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, no livro do jornalista do Observador, Luís Rosa, Moedas coloca-se fora da troca de galhardetes.
Carlos Moedas foi secretário de Estado do gabinete de Pedro Passos Coelho, que na altura teve nas mãos o caso Banif, tema também abordado no livro "O Governador".
Apesar de já ter feito declarações apontadas ao primeiro-ministro e ao Governo, desta vez desviou-se da pergunta e remeteu as "declarações políticas" para outra ocasião.