O Papa Francisco acredita que a Europa vai ultrapassar a crise em que vive e recuperar a sua identidade. Em entrevista à Renascença, Francisco diz confiar na “capacidade da Europa em retomar uma liderança no concerto das nações”. Acredita que o continente “volte a ser a Europa que define rumos, pois tem cultura para o fazer”.
Para Francisco, as diferentes sociedades são hoje confrontadas com uma grave questão: “Há um problema mundial, que afecta não só a Europa, mas o mundo inteiro, que é o problema da corrupção. A corrupção a todos os níveis... e isso também revela um baixo nível moral, não é?”
Na entrevista à Renascença, o Papa aponta a nova geração de políticos como agentes de mudança. Diz que “a Europa ainda não morreu. Está meia-avozinha, mas pode voltar a ser mãe. E eu tenho confiança nos políticos jovens. Os políticos jovens tocam outra música.”
De acordo com o Santo Padre, as pessoas estão desiludidas “em parte, por causa da corrupção, em parte pela ineficácia, em parte pelos compromissos assumidos anteriormente. E, no entanto, a Europa pode – pode e deve – desempenhar o seu papel, ou seja, recuperar a sua identidade”, acrescentou o Papa.
Neste contexto, Francisco considera que a Europa cometeu um erro de análise grave no âmbito da discussão das raízes fundadores da identidade europeia. “A verdade é que a Europa se enganou – não estou a criticar, mas só a recordar –, quando quis falar da sua identidade sem querer reconhecer o mais profundo da sua identidade, que é a sua raiz cristã, não foi? Aí enganou-se”. Apesar do que considera ser um equívoco, o Papa acredita que o erro não é irreversível e que a Europa “está a tempo de recuperar a sua fé”.
No pensamento do Papa, um segundo problema que afecta a Europa e o chamado primeiro mundo, é a natalidade. Na entrevista, Francisco considera que a primazia da “cultura do bem-estar” está a comprometer o futuro.
Nesta reflexão, Francisco olha para o Sul da Europa: “Penso no nível dos nascimentos de Itália, Portugal e Espanha. Creio que é quase 0%. Então, se não há filhos, há espaços vazios.” “Se um país não tem filhos, vêm os emigrantes ocupar o lugar”, diz noutra parte da entrevista.
De acordo com o Papa Francisco, este pensamento tem consequências junto dos mais idosos. E dá mesmo o testemunho da sua família: “Eu ouvi, cá, há uns anos, por parte dos meus primos italianos dizer: ‘Não, crianças, não; preferimos viajar nas férias, ou comprar uma villa, ou isto ou aquilo’. Para o Papa, a consequência deste tipo de vida é que “os idosos vão ficando sozinhos”.
Neste contexto, o Papa Francisco acredita “que o grande desafio da Europa é voltar a ser a mãe Europa”.