As eleições de domingo na Baviera correram mal para os partidos da coligação federal, os democratas-cristãos e os socialistas. A CSU, partido irmão da CDU de Merkel, perdeu a maioria absoluta no parlamento daquele Estado; e o SPD teve um resultado humilhante, menos de 10%, o que reforça a relutância dos socialistas quanto a alianças com Merkel.
Mas o partido virulentamente contrário à integração europeia, a Alternativa para a Alemanha, ficou aquém do esperava, pouco passando dos 10%. Em contrapartida, os Verdes, europeístas, tornaram-se o segundo partido da Baviera, com cerca de 18%.
A onda populista e eurocética parece, assim ter sido travada, pelo menos momentaneamente. E o provável afastamento do líder da CSU, Markus Soder, que é ministro do Interior no governo de Merkel, favorecerá a chanceler, pois esse ministro afrontou-a declaradamente nos meses recentes quanto ao problema da imigração.
Decerto que a chanceler Merkel continua enfraquecida e mais ficará se perder a próxima eleição estadual na Alemanha, a 28 deste mês, no Hesse. E em Dezembro os membros da CDU serão chamados a votar a liderança de Merkel. Um eventual afastamento de Merkel dificultará, sem dúvida, a resolução dos vários problemas que a integração europeia agora enfrenta: a crise da imigração, o orçamento da Itália, o “brexit” (provavelmente sem acordo de transição), as atrasadas reformas do euro, etc.
E também é claro que uma mudança do perfil eleitoral da Alemanha demorará anos a concretizar-se e que não sabemos como terminará. Mas, pelo menos, as eleições na Baviera mostraram que não é imparável a hostilidade à UE.