Os seis apoiantes do Climáximo, que esta manhã pintaram e bloquearam jatos privados em Cascais, foram detidos pelas PSP.
Em comunicado, sublinham o “absurdo de terem de recorrer a estes meios de manifestação, enquanto centenas de políticos viajam de jato privado para a COP28, liderada por um executivo de uma petrolífera”.
Inês Teles, um das ativistas presentes na ação de protesto, diz que “não podemos consentir com um sistema que prefere deter ativistas e proteger o sistema que causa e lucra com a crise climática e do custo de vida”.
“Está neste momento a acontecer no Dubai a maior conferência de clima anual, chefiada por um executivo de uma petrolífera. Centenas de governantes viajaram para lá de jato privado. Os donos do mundo estão a gozar connosco - não podemos aceitar isto passivamente”, assinala.
Ativistas pelo clima do movimento Climáximo entraram esta manhã no Aeródromo de Cascais, pintaram um jato que estava estacionado na pista, bloqueando-o, depois, com os seus corpos.
Com esta ação, o coletivo por justiça climática pretendeu denunciar “os voos de luxo dos super-ricos e a hipocrisia criminosa dos líderes mundiais que se deslocam à COP28 num meio de transporte que é o pináculo da injustiça climática”.
Em comunicado, Noah Zino diz que “uma viagem de jato privado entre Londres e Nova Iorque emite mais CO2eq que uma família portuguesa num ano inteiro”.
“Estar aqui corta mais emissões que qualquer escolha individual. Os donos do mundo culpam pessoas normais de forma ingrata pelos seus hábitos, quando na realidade esta é de longe a forma de transporte com mais emissões per capita, e é usada quase exclusivamente por ultra-ricos”, acrescenta, assinalando que “a ONU afirma que o 1% tem de cortar mais de 97% das suas emissões, mas os voos duplicaram no ano passado”.
Segundo os ativistas, os “jatos privados são armas de destruição em massa, não têm lugar numa sociedade em chamas”.
“Só a poluição da queima de combustíveis fósseis já mata, todos os anos, mais pessoas que os campos de concentração. As emissões que provocam recordes de calor, secas, fome e fogos, preços mais altos de comida, cheias, doenças, e catástrofes já condenam à morte milhões de pessoas também. Se há algum plano viável para a nossa segurança, este tem de começar já por cortar as emissões mais absurdas - estamos em emergência ou estão a gozar connosco?”, questionam.
O coletivo por justiça climática denuncia ainda que “os líderes mundiais, ao deslocarem-se de jato privado aos Emirados Árabes Unidos para ‘negociações climáticas’, pintam uma imagem da realidade tão nítida como a tinta vermelha que os denuncia”.
“O papel deles é proteger o sistema e os lucros dos culpados. Para eles, não importa o número de mortos e refugiados causados pela manutenção da ‘normalidade’ - não vão abdicar de lucros milionários, nem dos luxos com que se premeiam - temos de ser nós a pará-los”, denuncia Viriato Afonso.
Para o próximo dia 9 de dezembro, às 14h00, o Climáximo tem agendada uma manifestação, em Lisboa, no Saldanha, onde pretende definir “popularmente as prioridades do movimento por justiça climática para o ano de 2024”.