Já antes da pandemia, as doenças respiratórias não Covid eram as que causavam mais mortes e situações de doença em Portugal. Em 2018, provocaram a morte a 36 pessoas por dia e, em 2019, tiveram um impacto económico de cerca de 3,5 mil milhões de euros.
Mas a doença provocada pelo novo coronavírus fez subir este número. Assim, no ano passado, registando-se perdas superiores a 37 mil milhões de euros.
As conclusões são do mais recente relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias, e levam o presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão a apontar os desafios que considera essenciais. "Este relatório demostra que as doenças respiratórias são uma das causas mais importantes de morbilidade e mortalidade em Portugal, isto é, provocam mais doença e mais mortes, e que sendo preveníveis não se tem melhorado o resultado”, nota José Alves.
Em declarações à Renascença, explica que para diminuir “os 16 óbitos diários por pneumonia, os 12 óbitos diários por cancro do pulmão, por exemplo, é preciso tomar atitudes mais assertivas”.
Segundo o pneumologista, “temos que ser mais eficazes na erradicação do tabaco, arranjando leis mais restritivas e respeitando-as e aumentando o preço do tabaco”.
O presidente da Fundação do Pulmão defende ainda ser necessário transformar a espirometria numa realidade. “É um exame que permite avaliar a função respiratória e é fundamental para diagnosticar a DPOC, portanto, temos de conseguir que a espirometria seja tão acessível como é agora a medição da tensão arterial e finalmente a reabilitação respiratória que é uma técnica terapêutica que melhora os músculos respiratórios e outros permitindo uma melhor resposta do sistema respiratório às patologias mais frequentes, nomeadamente, as que são provocadas pelo tabaco”, explica.
As doenças respiratórias acarretam um peso significativo para a sociedade, que resulta da soma dos custos relacionados com a utilização dos serviços de saúde, as perdas de produção em resultado da doença e a redução da qualidade e anos de vida sofrida pelos doentes.
Neste contexto, José Alves, defende que “a vacina da pneumonia deve ser administrada a todas as pessoas com mais de 65 anos que têm dinheiro para a pagar, porque o Estado não paga a toda a gente, só paga a determinadas pessoas que têm uma determinada patologia”.
“Esse é um dos objetivos da Fundação: conseguir que se administre gratuitamente a vacina contra a pneumonia a toda a gente com 65 anos”, reforça o especialista.