Um general russo de alta patente teve conhecimento de antemão dos planos de rebelião de Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner.
A notícia foi avançada esta quarta-feira pelo New York Times, que cita fontes dos serviços de informação norte-americanos. Para os oficiais dos EUA, a informação levanta questões sobre o tipo de apoio que o líder dos mercenários teria dentro da hierarquia militar da Rússia.
As fontes dizem estar a tentar apurar se o general Sergei Surovikin, ex-comandante das tropas russas na Ucrânia, ajudou Prigozhin a avançar com uma rebelião armada no passado fim de semana, uma que, apesar de travada com a ajuda da Bielorrússia, representou a maior ameaça ao poderio de Vladimir Putin desde que chegou ao poder há 23 anos.
Analistas dizem que o general Surovikin é um respeitado líder militar da Rússia que ajudou a preencher as fileiras nas frentes de batalha na Ucrânia após a invasão do país em fevereiro de 2022. Apesar de ter sido substituído em janeiro, continuou a reter influência na gestão da guerra na Ucrânia e manteve a sua popularidade entre as tropas.
As mesmas fontes norte-americanas dizem que há também sinais de que outros generais russos podem ter manifestado apoio à tentativa de Prigozhin em forçar uma alteração de chefias no Ministério da Defesa. Isto porque, sustentam, o líder do grupo paramilitar nunca teria encetado esta rebelião se não tivesse garantias de apoio de militares em posições de poder.
O alegado envolvimento do general Surovikin nos eventos do fim de semana são mais um sinal das querelas internas entre as chefias militares russas desde que Putin ordenou a invasão da Ucrânia, sinalizando o fosso entre os que, dentro das Forças Armadas, apoiam Prigozhin, e os dois grandes conselheiros de guerra do Presidente: o ministro da Defesa, Sergei K. Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, o general Valery V. Gerasimov.
Na terça-feira, o Governo russo anunciou a retirada de todas as acusações contra os mercenários do Wagner, na sequência do acordo alcançado entre Prigozhin e o Presidente da Bielorrússia, que pôs fim à rebelião no sábado, quando o grupo se encontrava a cerca de 200 quilómetros de Moscovo.