O ex-ministro António Vitorino considera que, no atual contexto de guerra na Ucrânia e de ameaça russa, o investimento europeu de Defesa terá que ser "muito superior" aos 1,5 mil milhões de euros, com que a Comissão Europeia pretende estimular a indústria europeia de armamento, até 2027.
Contactado pela Renascença, o antigo ministro da Defesa diz que será preciso investir muito mais dinheiro na base industrial de defesa.
“É relativamente evidente que, nos próximos anos, o investimento em defesa, sobretudo em relação à base industrial de defesa europeia, vai ter que ser muito superior a isso. Basta pensar que para os próximos dois anos as empresas de armamento europeu já fizeram encomendas à indústria de armamento americano num valor de 120 mil milhões.”
Esta é uma preocupação sublinhada por António Vitorino, tendo em conta o grau cada vez mais elevado da ameaça russa, e a incerteza política nos EUA.
O ex-ministro não tem dúvidas: será necessário um grande esforço europeu para estar à altura dos desafios.
“Sem uma estrutura industrial de defesa suficientemente sólida e consolidada, não é possível resolver a diferença que existe em capacidade de intervenção militar. Basta pensar que nos EUA existem cerca de 30 sistemas de armas e na Europa existem 178 sistemas de armas. Isso dá uma ideia do grande esforço de aproximação e uniformização que vai ser necessário, para que o produto operacional das forças europeias possa estar à altura dos desafios com que vamos estar confrontados”, sublinha António Vitorino.
De acordo com a proposta apresentada sobre a estratégia para industrial da defesa na UE, o executivo de Ursula von der Leyen quer que até 2030 o valor do comércio intraeuropeu em defesa seja de pelo menos 35% o mercado da defesa na UE.
"Fazer progressos constantes no sentido de adquirir pelo menos 50% do seu orçamento para aquisições de defesa na UE até 2030 e 60% até 2035", é outra das metas.