O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, está apreensivo com o aumento sustentado do número de novos casos de covid-19 em Portugal. Em declarações à Renascença, o especialista admite que, em breve, chegaremos aos dois mil casos por dia. "A tendência será nesse sentido", assegura.
Perante o cenário atual, Ricardo Mexia admite novo confinamento. "Se não houver uma mudança de abordagem, não vejo muitas alternativas. Se não tivermos a capacidade de acolher os doentes, não percebo como podemos controlar a situação", diz, em declarações à Renascença.
Perante a contínua pressão dos serviços de saúde, o médico admite a necessidade de um novo confinamento e lamenta que nada se tenha aprendido com o início da pandemia. Mexia lamenta que o país esteja, nesta altura, com as condições de combate à pandemia no Serviço Nacional de Saúde idênticas às de março.
"O que era preciso ter feito era planear a resposta e dotar o país dessa capacidade. Chegamos agora a outubro e não estamos muito diferentes do que estávamos em março", assegura.
"Os serviços não foram reforçados, o sistema de informação não melhorou. Não percebo qual é a estratégia. Se não apostamos em evitar o número de casos, em quebrar as cadeias de transmissão... Sinceramente, se a situação continuar a evoluir de forma negativa e atingirmos o limite de resposta de tratamento e começarmos a acumular mortalidade, se não há investimento, se não há recursos a montante para evitar que as pessoas adoeçam, eu não percebo qual é a solução alternativa" a um novo confinamento, admite.
A continuar assim, defende, teremos de voltar a um novo confinamento. A associação admite, assim, que a pressão nos internamentos e os novos casos podem levar o país a ter de tomar medidas mais drásticas, pois já há vários hospitais que esgotaram a capacidade de internamentos.