O Governo quer ter mais 15 mil trabalhadores nos lares até ao final do ano. A meta é traçada pela ministra do Trabalho, numa entrevista ao “Expresso”, publicada neste sábado.
“É preciso aumentar a aposta nos recursos humanos do setor social”, defende, adiantando que, “já foram aprovadas 5.800 pessoas para instituições” deste setor no âmbito “um programa especial” do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Este programa começou em abril e era para vigorar durante “um período de três meses”, mas “decidimos prolongar até ao fim de dezembro”, adianta Ana Mendes Godinho.
O programa prevê que o Estado pague “90% do custo da contratação até ao fim de dezembro e depois, se ficarem no quadro, dá um prémio de dois salários mínimos a quem integrar estas pessoas”, explica ainda a ministra, acrescentando que está em curso “a contratação de recursos humanos qualificados, mais bem pagos”.
Novas regras
Além da aposta nos recursos humanos, Ana Mendes Godinho defende que é necessário “alterar as regras dos equipamentos sociais”.
“Temos de pensar numa nova geração de respostas sociais, mais vocacionadas para um envelhecimento ativo e saudável, nomeadamente através da criação de mecanismos de apoio ao domicílio 4.0, que vão além do acompanhamento alimentar ou da limpeza, que tragam estímulo intelectual e atividade cultural”, afirma.
“Os novos equipamentos devem seguir o que aprendemos com a pandemia, até em termos de regras de construção dos espaços de uma forma diferente, para garantir, por exemplo, o isolamento sempre que necessário”, acrescenta.
Esta revisão das regras “está em curso”, sendo que, na quinta-feira, foi lançado “um programa de financiamento de três milhões de euros para requalificação e alargamento da rede de equipamentos sociais, concretamente de lares, para melhoria das condições e aumento da capacidade”.
Ana Mendes Godinho quer que todos os cerca de 2.500 lares do país sejam vistoriados, para ajudar na implementação das medidas necessárias. Para já, estas ações só ainda decorreram em 4% dos lares de idosos.
Além disso, a ministra anunciou a criação de uma linha telefónica, no outono, que irá funcionar 24 horas por dia para acompanhar situações que precisem de uma resposta urgente nos lares.
Um impacto relativo
Na opinião da ministra do Trabalho e da Segurança Social, o impacto da pandemia nos lares foi relativo.
“Se nos compararmos com outros países da Europa, 38,8% das mortes ocorridas em Portugal são de pessoas que estavam em lares; em França, a taxa de incidência é de 50%, na Bélgica de 51%, em Espanha de 60%”, aponta.
“Em abril, tínhamos 365 surtos em lares e hoje [quinta-feira] temos 69 ativos, o que significa que houve uma grande capacidade de acompanhamento”, sublinha ainda Ana Mendes Godinho, para quem, “claramente, temos menos incidência”.
“Temos 3% do total dos lares e temos 0,5% das pessoas internadas em lares que estão afetadas pela doença. A dimensão dos surtos não é demasiado grande em termos de proporção. Mas, claro, isto não significa que não devamos estar preocupados”, conclui.