"Precisamos de manter o nosso sistema imunitário atualizado"
27-12-2022 - 11:02
 • Anabela Góis com redação , Marta Pedreira Mixão

Gustavo Tato Borges admite que o facto de se verificarem menos casos graves de covid-19, pode levar as pessoas a aderirem menos à vacinação, mas reitera que tal não deve acontecer, principalmente quando surge um grande aumento de infeções na China.

Faz hoje dois anos que a vacina contra a covid-19 começou a ser administrada em Portugal. Desde então, já foram dadas mais de 26 milhões de doses e, em declarações à Renascença, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges, diz que os números provam a eficácia da vacina que salvou milhares de vidas em Portugal e milhões em todos o mundo.

Há dois anos, nesta data, a covid-19 (nove meses após o primeiro caso registado no país) já tinha provocado 6.556 mortes, dos 392.996 casos de infeção confirmados, segundo os dados de então da Direção-Geral da Saúde.

Gustavo Tato Borges diz que a guerra contra a pandemia está no bom caminho mas ainda não está ganha, principalmente, num momento em que a China enfrenta uma grande vaga de novas infeções.

“Primeiro, temos a China, que é uma incógnita muito grande, com uma nova vaga de covid-19 extremamente elevada que acarreta riscos para todos nós. Este evoluir da pandemia na China será extremamente significativo para podermos verificar a possibilidade de levantar a emergência da saúde pública”, explica.

“Mas há riscos. É preciso lembrar que a questão da vacinação não ser totalmente abrangente nem ser distribuída de uma forma uniforme. Temos vários países com vacinação baixa que podem ser um risco para a nossa saúde global e devem ser feitos esforços internacionais para apoiar estes países, de maneira que as vacinas cheguem lá e o mundo então ter uma maior proteção que a vacina pode trazer”, acrescenta o presidente da ANMSP.

Quanto a Portugal, Gustavo Tato Borges admite que o facto de termos menos casos graves de covid-19, pode levar as pessoas a aderirem menos à vacinação, mas reitera que tal não deve acontecer.

“Nós portugueses, especialmente, temos a tendência de que quando algo se torna normal entre nós, ou comum entre nós, de passar a considerar que já está resolvido o problema e que não há nada a fazer e levar à ideia de que, como agora a covid-19 já é menos grave, que a vacina deixa de ser necessária e é preciso mostrar às pessoas que de facto não é assim. Precisamos de continuar a preocupar-nos em manter o nosso sistema imunitário atualizado e a vacinação é o caminho certo para nos protegermos”, relembra.

“Podemos verificar que ao longo de toda a pandemia, o número de novos casos foi sempre aumentando e cada vaga que tivemos de covid-19, com uma nova variante deste vírus, trazia mais casos identificados, mas a sua mortalidade sofreu uma alteração muito significativa a partir do momento em que a população, nomeadamente a portuguesa, estava vacinada com pelo menos duas doses", justifica o presidente da ANMSP.

“Atualmente, podemos ver que o número de novos casos que existe é extremamente elevado, mas o número de óbitos relacionados com a covid-9 tem vindo a diminuir e a ser cada vez menos significativo, fruto exatamente deste trabalho de vacinação, que foi feito uma forma extraordinária em Portugal e que deve continuar”, conclui.