Feirantes revoltados. Proibir feiras é medida "leviana" que "deve ser repensada"
02-11-2020 - 10:23
 • Vítor Mesquita , Cristina Nascimento

Governo decidiu que nos concelhos com mais de 240 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes, as feiras e mercados de levante não podem realizar-se.

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Os feirantes de Espinho não compreendem a decisão do Governo em fechar feiras e mercados nos concelhos mais pressionados pela Covid-19. A medida faz parte das decisões tomadas este sábado, no Conselho de Ministros extraordinário para tentar travar a propagação da pandemia em Portugal.

A Renascença esteve esta segunda-feira de manhã na feira de Espinho, uma das maiores do país. Feirantes e clientes contestam a opção do Governo.

"É uma medida muito leviana" que "deve ser repensada", diz um feirante, garantindo que, se nada for alterado, os feirantes devem tomar "medidas mais presentes para mostrar como estamos indignados com esta posição".

"Como é que não podemos trabalhar ao ar livre e os centros comerciais continuam abertos", questiona outro feirante.

Do lado dos clientes, a incompreensão é igual. "Acho que não está justo"; diz uma das poucas clientes da feira desta segunda-feira.

"Se as pessoas tiverem cuidado na feira, não arranjam problamas", opina outra cliente.

A Federação Nacional das Associações de Feirantes contesta a medida aprovada pelo Governo e pondera a realização de um protesto, em Lisboa, no decorrer desta semana.

PCP questiona sobre proibição e feiras e mercados

O PCP questionou o Governo sobre a decisão de “proibir de forma geral e indiscriminada todas as feiras e mercados de levante”, anunciada no sábado como forma de combater a pandemia de Covid-19 no país.

Numa pergunta dirigida, através do parlamento, ao ministro de Estado da Economia e da Transição Digital, Siza Vieira, a bancada do PCP alegou que "os feirantes têm sido profundamente penalizados, desde o início do surto epidémico", em março.

Nesta altura, segundo o texto da pergunta dos comunistas, “tal como em março, os feirantes foram confrontados com uma situação em que não foram responsáveis nem sequer ouvidos, em que as feiras e mercados no exterior” foram encerrados, em contraste com “as grandes superfícies” que se mantinham “em grande atividade, o que contribuiu para agravar não só as dificuldades mas o sentimento de desespero no seio deste sector”.

O PCP recorda ainda que foi um projeto do PCP, em maio, a estar na origem da lei aprovada no parlamento a definir o regime de apoio à retoma da atividade dos feirantes, mas que só em 27 de outubro saiu a sua regulamentação.