Pinto da Costa condena os insultos racistas dirigidos a Marega no jogo com o Vitória de Guimarães, solidariza-se com jogador, mas salvaguarda que o que aconteceu não é a matriz do futebol. À entrada para o Palácio da Justiça, no Porto, onde foi testemunhar, por vídeoconferência, no caso do ataque a Alcochete, Pinto da Costa falou em "atitude infeliz" de alguns adeptos do Vitória.
"Aquilo foi uma atitude infeliz, que nem sequer posso dizer que as pessoas sejam racistas. Foi uma maneira de atingir o Marega, porque o Guimarães também tem jogadores de outras raças e não foram ofendidos. É evidente que foi lamentável, têm de ser castigados exemplarmente para que volte a acontecer, mas, mais do que racismo, foi uma prova de estupidez", defende.
Pinto da Costa desconhece os pormenores da lei, mas considera tratar-se de "um problema de polícia". "Como se roubarem as carteiras num estádio, a responsabilidade não é dos clubes, é da polícia", observa. O presidente do FC Porto reforça, por outro lado, que é necessário entender que o racismo não é um problema com origem, ou amplificado, pelo futebol.
"O problema do racismo é estúpido e imbecil, que eu nem entendo porque é que é um problema. Não se pode agora atribuir ao futebol, através dos seus adeptos, como sendo grupos de racistas. Não é isso que acontece. O conceito de igualdade, que defendo, não me foi ensinado por ninguém, foi vivido por mim próprio, na infância, quando alguns dos meus ídolos do FC Porto eram de cor. Para mim era completamento indiferente a raça, o país, a cor. Penso que o futebol, como serviu a mim, serve a muitas crianças para que não exista racismo", realça o dirigente.
Solidariedade total com Marega
Pinto da Costa manifesta "total solidariedade" com o jogador maliano, mas salvaguarda que "não é por ter sido vítima de um ato racista que o Porto tem consideração pelo Marega". "Em dezembro, muito antes de pensarmos que isto poderia acontecer, o Marega recebeu o Dragão de Ouro das minhas mãos.
O presidente portista reprova os insultos a Marega e acrescenta que estaria sempre mal se fossem dirigidos a outro jogador de outra raça. A repercussão mundial do caso é vista, por um lado, como positiva por Pinto da Costa, uma vez que esta situação "lamentável" pode "servir de alerta para que este problema seja debatido".