Os terríveis ataques suicidas há 20 anos provocaram um enorme choque nos EUA e no mundo. Pela primeira vez os americanos eram violentamente atacados no seu território por 19 pilotos suicidas, quase todos sauditas, que haviam tomado o controle de quatro aviões comerciais. Dois desses aviões foram deliberadamente levados a embater contra as célebres torres gémeas de Nova York, fazendo cerca de três mil mortos.
Foi de certo modo pior do que Pearl Harbor, quando os japoneses, em dezembro de 1941, sem prévia declaração de guerra, atacaram e dizimaram a aviação militar dos EUA estacionada numa base do Pacífico. Como depois Hitler cometeu um erro fatal – declarou guerra aos EUA – os americanos entraram assim na II Guerra Mundial e não apenas contra os japoneses. O poder militar dos EUA foi decisivo para derrotar os nazis.
Os ataques suicidas em Nova York e Washington há 20 anos foram uma humilhação para os americanos superior à sofrida agora com a retirada caótica do Afeganistão. E a resposta aos ataques terroristas levou a administração de Bush (filho) a tomar medidas lamentáveis, como o emprego de tortura (com outro nome, claro) nos interrogatórios a suspeitos.
E a prioridade dada a evitar novos ataques terroristas conduziu a uma vigilância invasiva da privacidade dos americanos, com o recurso a escutas sem autorização de um juiz. Assim os EUA abalaram a sua razão moral na luta contra o terrorismo.
Mais de 700 suspeitos chegaram a ocupar a prisão secreta de Guantánamo, em Cuba, durante longos e indefinidos períodos. Duas décadas passadas sobre os atentados, ainda ali se encontram quatro dezenas de suspeitos, que os políticos dos EUA não querem libertar nem julgar em solo americano. Guantánamo continua por encerrar.
E foi como reação aos atentados de 11 de setembro de 2001 que os neoconservadores empurraram Bush (filho) para a infausta invasão do Iraque. Uma invasão lançada sob o falso pretexto de que Saddam Hussein estaria na posse de armas de destruição maciça. Essa invasão proporcionou o aparecimento do “Estado Islâmico” (Daesh), que hoje está ativo em várias partes do mundo, sobretudo em África.
Na presidência de Obama os EUA lograram abater Osama bin Laden, líder da Al Qaeda, organização terrorista que preparou os atentados de 11 de setembro. Bin Laden estava escondido no Paquistão, cujos serviços secretos certamente o apoiaram.
Agora J. Biden promete perseguir os terroristas, mas sem para isso destacar forças militares. Tarefa que envolverá a multiplicação dos ataques com “drones”, como nas presidências de Obama acontecera. Não será uma guerra bonita.