Os Estados Unidos revelaram ter recebido garantias dos talibãs de que estes permitirão a passagem segura até ao aeroporto de Cabul dos civis que queiram abandonar o Afeganistão, após a tomada da capital.
"Os talibãs informaram-nos de que estão preparados para proporcionar a passagem segura dos civis até ao aeroporto, e a nossa intenção é assegurarmo-nos de que cumprem esse compromisso", disse Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente norte-americano, em conferência de imprensa, esta terça-feira.
Washington está a negociar com os talibãs "o calendário" das retiradas norte-americanas, acrescentou também Sullivan na conferência de imprensa na Casa Branca.
Questionado sobre se os Estados Unidos reconhecem os talibãs como legítimos governantes do Afeganistão, Sullivan disse que "é prematuro" responder a essa pergunta, porque a situação no país "é caótica" e os extremistas islâmicos ainda têm que "demonstrar ao mundo" que tipo de líderes querem ser.
Jake Sullivan reconheceu que "uma quantidade substancial" de armamento e equipamento militar com que as forças norte-americanas combateram durante duas décadas de guerra no Afeganistão caiu nas mãos dos talibãs e dificilmente será recuperado.
"Não temos uma ideia completa do destino de cada artigo de material de defesa, mas certamente uma grande quantidade caiu nas mãos dos talibãs", declarou.
"E obviamente, não nos parece que no-los devolvam voluntariamente", acrescentou.
Os talibãs divulgaram há dois dias um vídeo em que desfilam em torno de helicópteros norte-americanos do modelo "Black Hawk" do exército afegão, no aeroporto de Kandahar, no sul do país.
"Esses Black Hawks não foram dados aos talibãs. Foram dados às forças afegãs", a pedido do presidente em fuga, Ashraf Ghani, disse Sullivan, sublinhando que Biden "fez a escolha" de atender esse pedido, embora consciente do risco de esses aparelhos caírem nas mãos dos talibãs.
Segundo o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Biden ainda não manteve qualquer contacto com chefes de Estado estrangeiro sobre o Afeganistão após a queda de Cabul nas mãos dos talibãs.
"Ele ainda não trocou impressões com dirigentes internacionais", afirmou.