Ana Silva Pinto, da Coordenação Regional do Norte das Políticas de Saúde Mental, alertou que as atuais estruturas comunitárias para lidar com a saúde mental "são insuficientes" e que a rede de cuidados integrados em saúde mental é "incipiente".
Durante um debate na Conferência " A Saúde Mental no Pós-Pandemia", uma parceria entre a Renascença e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, a especialista indicou que "os recursos humanos e as próprias estruturas estão aquém do que é necessário" para lidar com os problemas de saúde mental.
"Não há ainda uma grande política de abertura e interligação entre instituições, mas tem de haver. Há muitas respostas por preencher, temos vagas numa rede insuficiente", apontou.
Ana Silva Pinto acredita que a pandemia ajudou a "realçar a necessidade de alargarmos os métodos" para enfrentar as necessidades da saúde mental para lá dos serviços de saúde.
E referiu que o PRR é "uma oportunidade que não pode ser perdida" para desenvolver esta área, em Portugal.
A especialista também reconheceu a importância da tecnologia para lidar com a saúde mental e que a pandemia permitiu perceber o valor de consultas via videochamada.
"Com uma ligação, percebia a alegria dos meus pacientes. Mostra-nos que temos de usar os recursos que temos e não podemos desistir de os ter. É possível fazer muito mais consultas, com videoconsulta", explicou.
A responsável pela Coordenação Regional do Norte das Políticas de Saúde Mental pediu ainda para se romper com o estigma da saúde mental e avisou que "a mancha de óleo da saúde mental alastra-se a todos os nossos aspetos do dia a dia".
"Fala-se muito da prevenção da saúde física, mas em termos de saúde mental temos um grande desconhecimento de como devemos promover isto", disse.
"É preciso acabar com alguns mitos. Temos de chamar todos para fazer esse caminho", apelou, também.