O ministro dos Negócios Estrangeiros da Palestina, Riyad al-Maliki, acusou este domingo Israel de "crimes de guerra" perante o Conselho de Segurança da ONU, denunciando a "agressão" contra o povo palestiniano e os seus lugares sagrados.
"Alguns não querem usar essas palavras - crimes de guerra e crimes contra a humanidade -, mas sabem que é a verdade", disse Riyad al-Maliki, no âmbito de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que decorre por videoconferência.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Palestina afirmou que "Israel é impiedoso e implacável na prossecução da sua política colonial", apelando ao Conselho de Segurança que tem de "agir para acabar com o ataque" de israelitas contra palestinianos.
"Quantas mortes de palestinianos serão necessárias antes de uma condenação?", questionou Riyad al-Maliki, enquanto os Estados Unidos recusaram, por duas vezes depois de uma semana, um texto apelando ao fim dos confrontos, proposto pela Tunísia, Noruega e China.
"De que ponto está escandalizado?", interrogou o ministro palestiniano, sobre o texto.
O atual conflito é entre Israel e forças leais ao Hamas, que governa de facto a Faixa de Gaza. Al-Maliki, por sua vez, é da Cisjordânia, natural de Belém, e membro do Governo da Autoridade Palestiniana, que não tem boas relações com o grupo islamita Hamas.
O conflito israelo-palestiniano pode transformar-se numa crise "descontrolada" humanitária e de segurança, com consequências extremas em toda a região do Médio Oriente, alertou este domingo o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), descrevendo um cenário "chocante".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, descreveu, numa reunião virtual de urgência do Conselho de Segurança da ONU dedicada ao Médio Oriente, uma "carnificina" e hostilidades "terríveis", considerando que a violência "empurra para mais longe o horizonte de qualquer esperança de coexistência e paz".
"Reunimo-nos durante a escalada mais séria [no conflito] entre Gaza e Israel em anos", começou por dizer o secretário-geral da ONU, que expressou profunda preocupação com os "violentos confrontos entre as forças de segurança israelitas e civis palestinianos em toda a Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental".
O secretário-geral da ONU alertou que existe potencial de se desencadear "uma crise de segurança e humanitária descontrolada" com consequências de maior extremismo não só para Israel e territórios palestinianos ocupados, como para toda a região.
Também hoje, os ministros dos Negócios Estrangeiros turco e palestiniano afirmaram que o estabelecimento de laços entre os países árabes e Israel, em 2020, encorajou o Governo israelita a "intensificar as suas agressões contra os palestinianos".
O ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Mevlüt Çavusoglu, e o seu homólogo da Palestina, Riyad al Malki, expressaram esta posição durante uma reunião ministerial extraordinária da Organização de Cooperação Islâmica (OIC), convocada pela Arábia Saudita para abordar a escalada da guerra entre palestinianos e israelitas, que causou 181 mortos nos últimos sete dias.
Os atuais combates provocaram já perto de duas centenas de mortos, maioritariamente do lado palestiniano, e são considerados os mais graves desde 2014.
Os combates começaram em 10 de maio, após semanas de tensões entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental, que culminaram com confrontos na Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do islão, junto ao local mais sagrado do judaísmo.
Ao lançamento maciço de "rockets" por grupos armados em Gaza em direção a Israel opõe-se o bombardeamento sistemático por forças israelitas contra a Faixa de Gaza.