BES. Banco de Portugal sabia da falência “17 meses antes da derrocada"
01-03-2017 - 10:51

A SIC começa a transmitir esta quarta-feira à noite uma reportagem que promete revelar novos dados sobre a queda do império Espírito Santo. O autor da investigação levanta um pouco do véu na Renascença.

O Banco de Portugal já sabia da falência do Banco Espírito Santo em 2013, ou seja, 17 meses antes da derrocada da instituição. A conclusão decorre de uma investigação da estação de televisão SIC.

“A administração do BPI colocou um grupo de técnicos a investigar as contas do Grupo Espírito Santo – e estamos a falar de Janeiro de 2013, portanto, 17 meses antes da derrocada – e concluiu, avaliando as contas de 2010 e 2011, que o Grupo Espirito Santo estava falido. Tinha uma dívida de seis mil milhões de euros nessa fase e a dívida não parava de aumentar”, avança Pedro Coelho, o jornalista responsável pela investigação.

“O problema maior era com a Rioforte”, cuja dívida nessa altura “já chegava aos 1.500 milhões de euros. Tecnicamente, o Grupo Espírito Santo estava falido em Janeiro de 2013 e o Banco de Portugal ficou a saber, de uma forma muito transparente, estes dados”, adianta.

Entrevistado no programa da Manhã da Renascença, Pedro Coelho explica que o BPI, apesar de concorrente directo do BES, “também estava exposto ao Grupo Espírito Santo, porque tinha aplicações na Rioforte no valor de 75 milhões”.

A investigação da SIC, que deu origem à reportagem "Assalto ao Castelo" (que começa a ser transmitida esta quarta-feira e tem três episódios) revela ainda um outro país envolvido no escândalo.

“Na terceira reportagem, há outra notícia que tem um grande valor informativo, porque introduz neste esquema do BES uma área geográfica que ainda não estava dentro do esquema, que é o Dubai. E a forma como o Dubai e Angola, com a cumplicidade do BES, se terão enleado num processo que o Banco de Portugal conhecia e não fez nada, aparentemente”, avança Pedro Coelho.

O jornalista da SIC não tem, pois, dúvidas de que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, sabia mais do que aquilo que disse no Parlamento aos deputados, em Dezembro de 2014.