A urgência do Hospital da Guarda pode ter de encerrar por alguns dias em outubro, por falta de médicos, num cenário com cerca de 25 hospitais em todo o país com constrangimentos.
Há vários especialistas do Hospital da Guarda que recusam fazer mais do que as 150 horas extraordinárias a que estão obrigados, o que deixa várias escalas incompletas.
À Renascença, Helena Terleira, do movimento cívico “Médicos em Luta”, garante que esta é uma situação que se repete em vários hospitais. Pelas contas da especialista, pelo menos 25 hospitais têm constrangimentos.
“Se as escalas fossem apresentadas com os mínimos necessários, cumprindo as regras que durante o ano as escalas obedecem, eu diria que neste momento temos cerca de 25 hospitais que não têm ou medicina, ou cirurgia, ou obstetrícia, ou pediatria, cuidados intensivos. Temos uma lista de 25 hospitais com constrangimentos muito importantes”, sublinha.
De acordo com Helena Terleiras, a solução tem sido prejudicar os outros serviços para garantir a urgência aberta.
“O que nós temos vindo a perceber é que os conselhos de administração têm ordens, presumo que do senhor ministro, para que se façam escalas custe o que custar, ou seja, retirando horas à rotina, ao internamento, à consulta. A palavra de ordem é: a urgência tem que estar aberta custe o que custar, independentemente dos atropelos que se possa estar a fazer para que isso aconteça”, afirma Helena Terleira.
Esta terça-feira, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, mostrou-se convicto de que o problema das urgências vai resolver-se caso a caso.
Helena Terleira diz que o problema não é de um hospital, mas dos médicos de todo o país cujas reivindicações foram apresentadas a Manuel Pizarro pelos seus sindicatos.
Outubro pode ser complicado no Hospital da Guarda
A urgência do hospital da Guarda pode fechar alguns dias em outubro. A diretora clínica do hospital diz à Renascença que, pelo menos, 15 médicos já recusaram fazer mais do que as 150 horas extra a que estão obrigados.
Sendo assim, diz Fátima Cabral, não é possível assegurar todas as escalas.
“Nesta última semana do mês de setembro, em princípio, a escala estará assegurada e não haverá falhas significativas. Em relação a outubro essas falhas podem ocorrer, tendo em conta que na medicina interna já recebi cerca de 15 escusas para mais de 150 horas [de horas extra]. Em termos de urgências, significa um número significativo e poderá pôr a escala com alguns constrangimentos, mas hoje não consigo dizer qual é a percentagem de médicos indisponíveis para fazer mais de 150 horas, não sei qual será o impacto nestas escalas”.
Fátima Cabral diz que as urgências à noite, ao fim de semana, são as mais difíceis de garantir. Se o hospital da Guarda fechar a urgências, os utentes são encaminhados para o Hospital de Tondela, a cerca de 100 quilómetros.