O dia de campanha acabou com um comício ao ar livre no centro de Loulé, música de Vangelis a animar uma noite algarvia muito fria, muitas bandeiras, cenário vermelho com o já habitual slogan de campanha "fazer ainda mais e melhor", mas sobre o assunto da semana, ou seja Tancos e as declarações do Presidente da República, nada.
O secretário-geral do PS evitou dizer o quer que fosse sobre o assunto, à entrada para um almoço em Lisboa disse que é um caso "da justiça" e nem mais uma palavra.
O contacto com os jornalistas foi mesmo evitado. Antes do comício em Loulé, Costa esteve numa arruada em Faro, ação que tinha estado agendada e depois cancelada, mas acabou mesmo por realizar-se sem que a maioria dos jornalistas que acompanham a caravana socialista pudessem estar presentes.
No discurso à noite a única referência ao Presidente da República foi absolutamente subliminar. António Costa apoiou-se numa frase de Marcelo Rebelo de Sousa que descreveu o primeiro-ministro como "irritantemente otimista" para prometer que vai "continuar a ser irritantemente otimista".
Costa acentuou esta tecla referindo que o que o "ajudou a ser otimista" foi a sua "enorme confiança nos portugueses", rematando com um "temos de continuar irritantemente otimistas", alargando o leque do otimismo necessário para "fazer mais e ainda melhor".
No comício noturno de Loulé, o líder do PS avisou que "há muita gente a fazer contas com as eleições, que não se perdem nem se ganham com sondagens" e que "quem quer mais quatro anos de estabilidade que vote no PS".
Antes, Costa acenou pela primeira vez com uma espécie de papão dos socialistas, ou seja, o regresso do centro de direita ao poder. Uma direita que "com tanto medo do diabo nada garante que chegando ao poder para evitar o diabo não façam tudo isto andar para trás", dando exemplos do que pode recuar: que "os passes desapareçam, os salários voltem a ser cortados, impostos aumentados e as pensões de novo cortadas".
Um comício que contou com a presença do antigo ministro das Obras Públicas João Cravinho, que não discursou, do poeta Nuno Júdice que discursou para dizer que apoia e vai votar no PS.