Os Estados Unidos impuseram esta quinta-feira sanções financeiras ao ministro da Defesa cubano, Álvaro Lopez-Miera, e a uma unidade militar de elite pela repressão das recentes "manifestações pacíficas e pró-democracia" em Cuba, ameaçando adotar novas medidas punitivas.
"É apenas o princípio. Os Estados Unidos vão continuar a sancionar os responsáveis pela opressão do povo cubano", advertiu o Presidente norte-americano, Joe Biden, em comunicado, condenando "sem ambiguidade as detenções em massa e os simulacros de julgamento" daqueles "que ousam falar".
Biden prometeu "exercer pressão sobre o regime para que ele liberte imediatamente os presos políticos injustamente detidos, restabeleça o acesso à Internet e permita aos cubanos usufruir dos seus direitos fundamentais".
O Departamento do Tesouro norte-americano anunciou em comunicado as sanções, responsabilizando o ministro da Defesa cubano e a força militar de elite do Ministério do Interior popularmente, conhecida como "vespas negras" ou "boinas negras", pela repressão dos protestos antigovernamentais do passado dia 11 de julho em Cuba.
"O povo cubano protesta pelos direitos fundamentais e universais que o seu Governo lhe deve garantir", declarou, por sua vez, a secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, no comunicado em que anunciava as sanções, prometendo continuar a aplicar as sanções à ilha caribenha para apoiar "a sua luta pela democracia".
A má gestão da pandemia no país, aliada a uma grave crise económica - que agravou a escassez de alimentos e medicamentos e levou o Governo a cortar a eletricidade durante várias horas por dia - impulsionou a 11 de julho manifestações espontâneas de milhares de cubanos, que saíram à rua em Havana e em várias outras cidades para protestar contra o Governo do Presidente Miguel Diaz-Canel, desembocando em confrontos com as forças de segurança que se saldaram num morto, dezenas de feridos, mais de uma centena de detidos e um número indeterminado de desaparecidos.
"Temos fome", "Liberdade" e "Abaixo a ditadura" foram algumas das palavras de ordem repetidas nesta mobilização sem precedentes em Cuba, país onde as únicas concentrações autorizadas são geralmente as do Partido Comunista Cubano (PCC, partido único) e onde as últimas manifestações deste tipo aconteceram há quase 30 anos, em 1994, em Havana.
Após os protestos, o Governo cortou a Internet, reforçou o controlo policial e acusou os Estados Unidos de financiarem a revolta social no país.
Além das sanções, o Presidente norte-americano confirmou esta quinta-feira que o seu Governo está a considerar autorizar as transferências de dinheiro de particulares para Cuba e comprometeu-se a aumentar os efetivos da embaixada dos Estados Unidos em Havana para "fornecer serviços consulares aos cubanos" -- o que poderá traduzir-se, a prazo, na concessão de vistos norte-americanos àqueles que desejarem abandonar o país.