O novo Governo independentista da Catalunha tomou posse este sábado, ao final da manhã, pondo fim a um período de sete meses em que as forças separatistas tentaram, sem sucesso, eleger membros detidos ou fugidos no estrangeiro.
A posse acontece depois de, na passada terça-feira, o novo presidente do executivo catalão, Quim Torra, ter aceitado substituir quatro candidatos a ministro regional que estão na prisão ou fugidos no estrangeiro, acusados de delitos de rebelião no quadro do processo de independência.
A segunda lista com a composição do Governo regional (Generalitat) foi aprovada pelo executivo central liderado por Mariano Rajoy, do Partido Popular, antes de ser afastado e substituído na sexta-feira como primeiro-ministro de Espanha pelo líder do PSOE (socialista), Pedro Sánchez.
Puigdemont é o presidente “legítimo”
No discurso que fez quando tomou posse, em 14 de maio, Quim Torra voltou a sublinhar que Carles Puigdemont é o presidente "legítimo" do governo regional da Catalunha, tendo prometido ser "leal ao mandato" para "construir um Estado independente em forma de República".
Puigdemont está em Berlim e aguarda uma decisão judicial que poderá extraditá-lo para Espanha.
O “processo” de independência da Catalunha foi interrompido em 27 de outubro de 2017, quando o Governo central espanhol decidiu intervir, nomeadamente através da dissolução do parlamento regional, a destituição do executivo regional e a convocação de eleições regionais que se realizaram a 21 de dezembro último.
Sempre a realizar gestos de provocação à autoridade do Governo central, a cerimónia de tomada de posse dos ministros regionais deveria ter tido lugar ao mesmo tempo da de Pedro Sánchez como novo primeiro-ministro de Espanha, mas acabou por sofrer um atraso de uma hora.
O secretário-geral do PSOE prestou esta manhã juramento como primeiro-ministro perante o rei, Felipe VI, tornando-se no sétimo chefe do executivo da democracia espanhola e depois do sucesso de uma moção de censura.
Na sexta-feira, quando Mariano Rajoy caiu na sequência da moção de censura, Quim Torra apelou a Pedro Sánchez que desse passos e assumisse “riscos”. Pediu ainda o início de uma negociação “de Governo a Governo” para enfrentar a situação “gravíssima” que se vive na Catalunha e que não pode durar “nem mais um dia”.
Quim Torra foi eleito há duas semanas, depois de os partidos separatistas, que voltaram a ter a maioria absoluta no parlamento regional, terem desistido de propor candidatos na prisão ou fugidos à justiça no estrangeiro.