Estados Unidos admitem intervenção militar na Síria
06-04-2017 - 18:35

O ataque químico, na terça-feira em Idlib, poderá levar a uma retaliação por parte das Forças Armadas americanas.

Os Estados Unidos admitem a possibilidade de uma intervenção militar na Síria, em resposta à utilização de armas químicas contra civis.

A Reuters cita um alto representante da Administração de Donald Trump, que, questionado sobre se estava fora de questão agir militarmente naquele conflito, respondeu simplesmente “não”.

O uso de gás tóxico – sarin, segundo as autoridades turcas – aconteceu na terça-feira e levou à morte de mais de uma centena de pessoas, sobretudo civis. A questão foi agravada pelo bombardeamento do hospital para onde foram levadas as vítimas.

Ninguém assumiu responsabilidade pelo uso de material químico no ataque a Idlib – um crime de guerra – mas, tendo-se tratado de um ataque aéreo, os principais suspeitos são o governo sírio e a Rússia, as únicas potências que têm força aérea no local.

A Rússia, porém, avançou outra teoria para o sucedido. Segundo o porta-voz das Forças Armadas, as armas químicas poderiam pertencer aos rebeldes que lutam para derrubar o regime de Bashar al-Assad, estando armazenadas num paiol que foi atacado por aviões sírios leais ao regime.

Certo é que tanto rebeldes como o governo sírio têm sido acusados no passado de recorrer a armas químicas na guerra civil que já dura há seis anos.

A "linha vermelha" de Obama

Esta não é a primeira vez que os Estados Unidos ameaçam intervir na Síria por causa do uso de armas químicas.

Em 2012, Barack Obama disse que o uso destas armas constituía uma “linha vermelha” que, se ultrapassada, forçaria uma reacção. Um ano mais tarde, quando foi noticiado que tinham morrido mais de 1.400 civis devido ao uso de gás sarin por parte do regime tudo apontava para um ataque americano, mas, num volte-face, John Kerry afirmou que só se Assad concordasse em entregar o seu "stock" de armas químicas – que o regime sempre admitiu existir – é que isso seria evitado. Assad aproveitou a inesperada abertura e a Rússia interveio para dizer que mediaria a entrega das armas. Obama acabou por não atacar.

Agora, passados mais de três anos, resta saber se o aviso americano será consumado ou se não passará disso mesmo. Mas, caso os Estados Unidos optem mesmo por intervir directamente, e se o fizerem atacando posições do governo, prevê-se um fortíssimo aumento de tensões entre Washington e Moscovo e o potencial agravar-se da situação na Síria onde o regime tem estado a acumular vitórias.