Um grupo de ativistas pela justiça climática saiu esta segunda-feira à rua, em Lisboa, para exigir um sistema justo de transportes, com menos aviação e mais investimento na ferrovia.
A ação de protesto, realizada no âmbito da campanha "ATERRA", foi marcada pela mobilização de cerca de 100 ativistas a favor da redução rápida e planeada da aviação seguido de um investimento massivo na ferrovia para travar a crise climática.
"Não podemos admitir de todo mais aviões. Temos de fazer uma redução drástica da aviação e não podemos admitir a construção de novas estruturas que vão resultar no aumento das emissões de gases com efeito de estufa", afirmou a porta-voz da manifestação, Inês Teles.
A pandemia causada pela covid-19 reduziu a aviação e agora perante uma nova fase de desconfinamento, os ativistas consideram que essa diminuição deve continuar em vez de se regressar ao tráfego pré-pandemia.
Os ativistas criticaram ainda o Governo em querer aumentar as estruturas aeroportuárias de Lisboa.
"O Governo gosta de dar uma imagem de estar muito comprometido com medidas para travar a crise climática, contudo, aquilo que se vê é uma posição completamente hipócrita. A vontade ativa de contornar este cancelamento da construção do aeroporto do Montijo e de querer aumentar a capacidade aeroportuária de Lisboa é uma contradição completa com todo o discurso que o Governo tem de querer estar na linha da frente no combate às alterações climáticas", sublinhou a porta-voz.
Além disso, a ativista, embora satisfeita por ouvir o ministro das infraestruturas, Pedro Nuno Santos, referir-se ao plano da ferrovia, lembrou que já outros executivos o mencionaram e nunca se passou das palavras à ação.
Para os manifestantes também é fundamental exigir melhores condições para os trabalhadores do setor da aviação e, por isso, este protesto definiu-se como um "ato de solidariedade" para com estes profissionais.
"É preciso fazer uma transição justa da aviação e esta tem de ser feita lado a lado com os seus trabalhadores. Esta transição tem que permitir travar a crise climática e garantir a segurança e o bem-estar destes trabalhadores", concluiu a responsável.
A ação de protesto, organizada sob o lema "Fim do mês. Fim do mundo. A mesma luta", resultou da ação "em chamas", organizada pelo coletivo de ativistas - "O Climáximo"- , que conta com o apoio de outros grupos, incluindo a campanha "ATERRA".
Por sua vez, a "ATERRA" foi criada por grupos em Portugal, que partilham a mesma visão da rede internacional "Stay Grounded", para defender a redução do tráfego aéreo e uma forma de mobilidade mais justa e sustentável.