Investigadores de oito países desenvolveram, no âmbito de um projecto europeu, um conjunto de ferramentas para prevenir e combater o “cyberbullying”, anunciou a Universidade de Coimbra (UC).
As novas ferramentas – guias para alunos, pais e escolas e um videojogo, já disponíveis ‘online’ – resultam do projecto europeu de investigação ‘Beat cyberbullying: Embrace safer cyberspace’, que envolve especialistas de Chipre, Espanha, Itália, Noruega, Portugal, Reino Unido, República Checa e Turquia, refere uma nota da UC, enviada à agência Lusa.
O “cyberbullying” corresponde ao uso da Internet para intimidar e hostilizar uma pessoa, difamando, insultando ou atacando covardemente.
Financiado pelo programa ‘Erasmus+’, da União Europeia, o projecto conta com a participação de Armanda Matos e de Ana Maria Seixas, ambas docentes da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC (FPCEUC).
Numa primeira fase, realizada nos últimos dois anos, a equipa de investigadores fez um estudo junto de crianças e adolescentes, com idades compreendidas entre os nove e os 14 anos. “Compreender a percepção que este público-alvo tem sobre o fenómeno de ‘cyberbullying’ e quais as necessidades sentidas para prevenir e lidar com a problemática” é o objectivo do projecto, explica Armanda Matos, citada pela UC.
Apostar na sensibilização
O estudo demonstrou que “há muito trabalho a fazer para prevenir o fenómeno, nomeadamente ao nível da sensibilização das crianças e dos adolescentes para os potenciais riscos da comunicação mediada pelas tecnologias”, acrescenta a especialista da UC em educação para os media.
“Os participantes no estudo revelam, por exemplo, que partilham informação privada nos seus perfis de redes sociais, e afirmam que têm necessidade de receber formação sobre as várias vertentes do problema, ou seja, receber formação, quer em termos de prevenção do ‘cyberbullying’, quer sobre o uso das tecnologias", sublinha Armanda Matos.
Por outro lado, os alunos afirmam “desconhecer se as suas escolas têm ou não medidas para prevenir e lidar com esta nova forma de violência”.
Por isso, adverte Armanda Matos, “é necessário um trabalho de consciencialização contínuo porque o ‘cyberbullying’ tem uma audiência muito mais ampla que o ‘bullying’ tradicional, pode ocorrer 24 horas, sete dias da semana e permite o anonimato (ou a ilusão de anonimato) a quem o pratica”.
Os recursos produzidos pelos investigadores dos oito países parceiros do projecto “fornecem conhecimentos básicos, conselhos práticos e orientações para ajudar alunos, pais e escolas a evitar os resultados indesejados deste fenómeno que, em Portugal, apresenta uma taxa de prevalência de 7,6% de vítimas”, de acordo com um estudo anterior, realizado também pela FPCEUC, sob coordenação de João Amado.
“Nestes recursos são facultadas abordagens e estratégias para motivar e envolver os diferentes públicos no uso mais seguro da Internet e na luta contra o ‘cyberbullying’”, sintetiza a docente da FPCEUC.