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O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, afirma que alunos, professores, encarregados de educação e tutela têm de se "preparar para uma conjugação entre ensino à distância e presencial" no próximo ano letivo de 2020/2021.
Em entrevista à Renascença e ao jornal "Público", Tiago Brandão Rodrigues diz que “a recuperação das aprendizagens” menos consolidadas deste ano “tem de ser um dos pilares fundamentais no regresso às aulas” em setembro.
Já
disse que o ano letivo arranca em setembro. Há uma data concreta?
Estamos a trabalhar, em momento próprio aparecerá.
Vão
ser dadas orientações às escolas para no início do ano recuperar a matéria que
ficou para trás?
Tem de haver uma avaliação de tudo aquilo que não foi consolidado ou tão bem
ensinado. A recuperação das aprendizagens tem de ser um dos pilares
fundamentais no regresso às aulas.
Vão
ser aulas presenciais, à distância ou um sistema misto?
Vamos estar condicionados pela nossa capacidade de produzir uma vacina, pelas
respostas farmacológicas, pela reação do vírus, tudo isso… o que entendo é
que vamos estar mais preparados para
um segundo surto do que estávamos. Temos de construir vários cenários: um
cenário em que ao vírus está aí mas não tem uma penetração na sociedade que nos
obrigue a fazer o que fizemos nesta onda, e outros cenários…
As
metas curriculares vão ser suspensas?
Vamos falar antes de aprendizagens essenciais e no perfil do aluno. Elas estão
em vigor. Temos necessariamente, neste contexto diferente, de repensar o
processo e termos também adaptações tanto no processo ensino-aprendizagem como
nas avaliações, agora é muito importante que tudo seja feito em conjugação com
as escolas, com as comunidades educativas, com os professores. E temos que nos
preparar para em Setembro — ou não em Setembro mas se calhar em Outubro,
ou Novembro — termos o que os ingleses designam por B-learning, uma conjugação entre ensino à
distância e ensino presencial.
Com esse sistema misto, vamos precisar de mais professores? Durante anos, até pela diminuição da população escolar, fomos diminuindo...
Obviamente que nos anos 60 tínhamos 215 mil, 220 mil pessoas a entrar no 1.º ano da primária e agora temos 87 mil, 89 mil a entrar no 1.º ano do 1.º ciclo. Mas houve sistematicamente, até no XIX Governo Constitucional [Passos Coelho], uma clara opção pela diminuição do número de professores nas escolas. Conseguimos contrariar essa opção. E em nenhum momento diminuiremos o esforço. Se no próximo ano precisarmos de um corpo docente robusto ele existirá, como existiu ao longo dos últimos quatro anos. Agora não posso dizer agora que vamos precisar de mais dez ou 20 professores.
Outra coisa necessária para o sistema misto de que falou são equipamentos, computador e acesso a Internet, para os alunos. Há grandes desigualdades de acesso a estes equipamentos. Quantos alunos não tiveram meios para ter ensino à distância?
Fomos ultrapassados pela realidade dos dias. Quando fazíamos a recolha do número de alunos que não tinham conectividade e máquinas víamos as autarquias a trabalhar e muitas escolas (foram adquiridas muitas máquinas com fundos comunitários nos últimos três anos para as escolas) a trabalhar e muitas dessas máquinas estiveram e estão na posse desses alunos. Falou-se que dos cerca de 1,2 milhões de alunos, 50 mil não teriam acesso a computador ou meios de acesso, o que acontece é que esse número foi sendo reduzido.
Vamos ter um novo programa Magalhães 2, com distribuição direta de portáteis?
Nunca referi esse programa. O que está a ser feito é um programa para que as escolas possam estar dotadas de recursos para que os nossos alunos possam ter conectividade através do ensino à distância.
Os meios são então para as escolas e não para os alunos?
Esse programa está a ser construído e oportunamente terão os elementos.