O secretário de Estado das Finanças confirma que o presidente da Caixa participou em reuniões com autoridades de Bruxelas, antes da sua nomeação para o cargo, mas garante que António Domingues não teve acesso a qualquer informação confidencial.
Em resposta à Renascença, o secretário Ricardo Mourinho Félix confirma ter acompanhando o então administrador do BPI a duas reuniões, em Frankfurt e a Bruxelas, para avaliar se as condições que o administrador colocava para aceitar o cargo podiam ser cumpridas.
As reuniões, já confirmadas pela Comissão Europeia, aconteceram poucos dias depois do convite para que António Domingues presidisse o banco público.
Na quarta-feira, em resposta a uma questão do eurodeputado José Manuel Fernandes (PSD), a comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, salientou que "o novo plano de actividades para a CGD foi apresentado à Comissão pelas autoridades portuguesas, que também consideraram necessário que o então futuro conselho de administração da CGD (que, entretanto, foi nomeado) participasse em algumas das reuniões e fosse informado sobre requisitos em matéria de auxílios estatais."
António Domingues só a 31 de Agosto assumiu funções como presidente da CGD, tendo renunciado ao cargo que mantinha no conselho de administração do BPI a 30 de Maio.
PSD e CDS exigem explicações do Governo. José Manuel Fernandes questionou o executivo sobre a indicação, como representante do banco público, de "alguém que à data ainda não tinha entrado em funções na CGD e, ainda mais grave, era administrador executivo de um banco privado e concorrente da mesma".
Em declarações à Renascença, o eurodeputado do PSD, Paulo Rangel, considera que o caso é inconcebível e fragiliza o ministro das Finanças, Mário Centeno.