Aumenta de 132 para 170 o número de mortos na China provocados pelo surto de novo coronavírus, anunciou esta quinta-feira de madrugada a Comissão Nacional de Saúde. A doença chegou ao Tibete, o que significa que está agora em todas as regiões do país.
A nova atualização traz mais 38 vítimas mortais em relação ao balanço anterior.
Os casos confirmados da doença são agora 7.711 e há ainda 12.167 pessoas em análise depois de terem apresentado sintomas.
Trata-se de uma subida em comparação com o balanço do dia anterior, em que havia 5.974 infetados e 9.200 casos suspeitos em investigação.
Além do território continental da China, foram reportados casos de infeção em Macau, Hong Kong, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Austrália, Canadá, Alemanha, França (primeiro país europeu a detetar casos do novo coronavírus), Finlândia e Emirados Árabes Unidos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) convocou para esta quinta-feira o Comité de Emergência para determinar se este surto vírico deve ser declarado uma emergência de saúde pública internacional.
A decisão foi comunicada através de uma publicação do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na rede social Twitter, uma semana depois de a organização ter considerado prematura a declaração de emergência de saúde pública internacional, no final de uma reunião de dois dias do mesmo comité, que é constituído por especialistas, incluindo epidemiologistas.
A comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakidou, disse que a maioria dos Estados-membros da União Europeia está "muito bem preparada" para lidar com o novo coronavírus, mas admitiu que poderá ser necessário "financiamento de emergência" para os países conseguirem dar resposta, caso seja necessário.
Stella Kyriakidou recordou que, "até ao momento, existem quatro casos confirmados em França, quatro na Alemanha" e que na tarde de quarta-feira se soube de um caso em território finlandês.
A comissária europeia garantiu que Bruxelas está em "contacto permanente" com estes e outros países da União Europeia para "garantir que as medidas necessárias de contenção são adotadas".
Fonte europeia disse à agência Lusa, na quarta-feira, que 17 cidadãos portugueses que estão na China - quase todos em Wuhan, na província de Hubei -, já pediram para deixar o país.
"Ao todo, 17 portugueses já manifestaram vontade de sair da China, de acordo com as autoridades portuguesas", indicou fonte da Comissão Europeia, após um ponto de situação feito esta tarde pelo executivo comunitário com representantes dos Estados-membros relativamente ao surto.
Um avião de uma companhia portuguesa foi fretado para repatriar europeus que estão no epicentro do surto de coronavírus, na China. O Airbus A380, o maior avião comercial do mundo, deverá partir do aeroporto de Beja, esta quinta-feira de manhã.
Estudo admite que transmissão aos humanos terá origem em animal selvagem
Um estudo genético divulgado esta quarta-feira admite que o novo coronavírus com origem na China terá sido transmitido aos humanos através de um animal selvagem, ainda desconhecido, que foi infetado por morcegos.
O estudo, conduzido por cientistas chineses, incluindo do Centro de Prevenção e Controlo da Doença da China, analisou o genoma do coronavírus de nove doentes diagnosticados com pneumonia viral, na cidade de Wuhan, onde começou o surto em dezembro.
O trabalho, divulgado na publicação médica britânica “The Lancet” e que valida em laboratório uma tese assumida por especialistas, sugere que o novo coronavírus, designado provisoriamente pela OMS como "2019-nCoV", teve como hospedeiro inicial um morcego e foi transmitido às pessoas através de um animal selvagem, ainda desconhecido, que era vendido no mercado de animais vivos de Huanan, em Wuhan, capital da província de Hubei, no centro da China.
Embora com cautelas, os autores do estudo admitem que o novo coronavírus não é resultado de uma mutação genética de outro coronavírus, mas pode ter entrado nas células humanas da mesma forma que o coronavírus que causou a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), também identificada pela primeira vez na China, em 2002 e 2003.