O candidato à presidência do PSD Pedro Santana Lopes afirma que está na corrida à liderança do partido para "clarificar", defendendo que os sociais-democratas devem orgulha-se do trabalho de "salvação nacional" feito por Pedro Passos Coelho.
Santana Lopes falava no lançamento da sua candidatura à presidência do PSD, numa sessão com centenas de apoiantes em Santarém, num discurso em que, logo nas suas primeiras palavras, referiu um dos seus principais objetivos na corrida para as "directas" de Janeiro.
"Em 2005 disse que ia andar aí e nunca pensei que essas palavras tivessem até hoje tal impacto. Hoje estou aqui, vim para clarificar, porque o PSD precisa disso e Portugal também precisa disso", declarou, recebendo uma prolongada salva de palmas.
Pedro Santana Lopes explicou depois qual uma das duas ideias de clarificação. "O meu nome é Pedro Santana e espero ser o novo líder do PPD-PSD".
"O PSD orgulha-se do trabalho de salvação nacional feito pelo Governo de Pedro Passos Coelho. Queremos um partido sem memória?", questionou o ex-provedor de Santa Casa da Misericórdia, numa alusão aos sociais-democratas que se demarcaram do anterior executivo.
"Nunca andei a criar movimentos para derrotar os candidatos do meu partido" e agora "queremos construir alternativa sólida, reformista e inovadora". Durante o seu discurso de quase uma hora, desafiou Rui Rio a fazer debates em cada distrital do partido.
Numa das várias diferenciações em relação ao outro candidato à liderança dos social-democratas, Santana deixou claro: "Nós somos um partido que vai do centro-direita até ao centro-esquerda. Francisco Sá Carneiro e Cavaco Silva nunca andaram entretidos com dissertações sobre essa matéria e levaram-nos a vitórias muito importantes. Eu quero fazer o mesmo, não tenho complexos nessas matérias".
Santana Lopes lembrou que "a vida é feita de vitória e derrota e vitória outra vez", "orgulho-me de tudo o que fiz e não fiz" e, para futuro, "desafiei grandes valores do nosso partido a elaborarem um programa".
Em directo no CNEMA, perante sala cheia, Santana Lopes deixou também palavras para o actual executivo. "Não gosto de lhes chamar geringonça", são "uma frente de esquerda com comunistas e extrema-esquerda, na qual o PS se aproveita para governar com um programa que não é o seu". António Costa assumiu que queria governar à esquerda e, segundo o antigo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, "este Governo é mau para o nosso país" e até pode não chegar ao fim da legislatura.
"Entendo que é manifesto que a frente de esquerda que sustenta o Governo está com dificuldades que não tinha há uns tempos. Fechou um acordo em torno do Orçamento do Estado para 2018, mas é manifesto aquilo que se passa ao nível da contestação social. Há discordâncias e manifestações de ruptura, quer da parte do Bloco de Esquerda, quer da parte do PCP".
"Somos um partido que nasceu para ganhar, não para ser muleta de ninguém", acrescenta. "Defendo pactos de regime mas seremos intransigentes em matéria de princípios e valores". Apesar disso, "não sou do estilo de líder político que goste de estar sempre zangado, crispado ou que se aborreça com as boas notícias. Durante a minha liderança, durante a minha oposição ao Governo, garanto-vos que quando boas notícias chegarem sobre Portugal, encontrarão um sorriso nos meus olhos".
Pedro Santana Lopes tem como lema "Unir o partido, ganhar o país". O candidato social-democrata diz que aprendeu "em 2004 e em 2005 que a legitimidade de um voto não se herda, conquista-se".
O antigo primeiro-ministro, derrotado por José Sócrates, não esqueceu o passado e lembrou que em Portugal "está mal o modelo de crescimento e algumas elites políticas e económicas que eu denunciei em 2004 e 2005". "Elites essas que, ao longo de anos - como hoje em dia se vê e eu denunciei em 2004 e 2005 - trataram deles próprios e não trataram de Portugal e dos portugueses", referiu.
As eleições directas do PSD estão marcadas para 13 de Janeiro.