Greta Thunberg foi detida temporariamente numa manifestação esta quarta-feira de manhã em Oslo. Segundo a agência Reuters, a ativista sueca participava num protesto pela remoção das turbinas eólicas instaladas em terras indígenas na Noruega.
Esta segunda-feira, a jovem de 20 anos, conhecida mundialmente pelas suas ações de sensibilização para as alterações climáticas, havia-se juntado a outros manifestantes no bloqueio dos acessos às sedes de vários ministérios do Governo norueguês.
Vários ativistas, incluindo Greta Thunberg, viriam a ser detidos pela polícia de Oslo dois dias depois, numa concentração de centenas de pessoas que impedia a entrada no ministério das Finanças.
"Eles [o Governo da Noruega] devia ter previsto as manifestações, depois de terem violado direitos humanos", sublinhou a ativista sueca que, no momento da detenção, portava uma bandeira do povo indígena Sami.
Entretanto, Greta já foi libertada, a par de outros manifestantes. Mas a jovem sueca não se coibiu de regressar aos protestos, tendo-se entretanto acorrentado à entrada da sede do ministério da Energia.
Esta já é a segunda vez que a ativista é detida em protestos este ano. Em janeiro, a jovem sueca foi detida durante uma manifestação contra a demolição da aldeia de Luetzerath, na Alemanha, devido à construção de uma mina de carvão a céu aberto em Garzweile, a nove quilómetros da localidade.
Os sucessivos bloqueios dos edifícios governamentais nos últimos dias já causaram perturbações à agenda do executivo norueguês, com o ministro da Energia, Terje Aasland, a cancelar a sua visita programa ao Reino Unido.
Os protestos contestam a instalação de turbinas eólicas em terras tradicionalmente ocupadas pelo povo Sami, na região central da Noruega, nomeadamente para pasto das renas.
Em 2021, o Supremo Tribunal da Noruega havia declarado que a construção de dois parques eólicos em Fosen, distrito do centro do país, violava os direitos do povo Sami, de acordo com convenções internacionais. Contudo, quase ano e meio depois, os equipamentos continuam em funcionamento.
De acordo com a Reuters, a população local apresenta queixas relativamente ao ruído produzido pelas turbinas eólicas, que não só assusta os animais, como ameaça uma tradição antiga do povo Sami.
Governo norueguês não desiste das turbinas, mas procura soluções
No entanto, o ministro da Energia norueguês contraria a decisão judicial, afirmando que os parques eólicos instalados se encontram legais. Aasland diz-se comprometido nas conversações para uma possível solução, mas reconhece que poderão ser demoradas, levando até um ano para se atingir um consenso.
"Há conflitos de interesses e temos de arranjar a melhor solução possível", disse o ministro da Energia à Reuters, depois de se encontrar com alguns dos manifestantes no exterior do edifício.
"Temos de incluir os direitos humanos indígenas de uma boa forma, ou pelo menos garantir o pasto seguro das renas."
Uma das donas dos parques eólicos visados, Statkraft, mostra-se empenhada em "encontrar medidas de mitigação" dos efeitos nefastos provocados ao povo Sami. Em comunicado, a empresa norueguesa acredita num diálogo, entre os pastores e o ministro da Energia, que "garanta a operação" das turbinas e a "oportunidade de expressão cultural dos Sami".