Os portugueses são dos europeus mais preocupados com o impacto da guerra na Ucrânia no custo de vida, segundo uma sondagem do Conselho Europeu para as Relações Exteriores (ECFR), que aponta riscos na unidade europeia sobre a questão ucraniana.
Nos 10 países europeus estudados, o ECFR identificou que a unidade da Europa sobre o conflito russo-ucraniano está em risco à medida que a atenção do público muda para as preocupações com o custo de vida, e que apesar de o apoio à Ucrânia permanecer alto, as preocupações mudaram a nível local.
Por exemplo, em Portugal, Itália e França, as pessoas são as mais preocupadas com o impacto da guerra no custo de vida e nos preços de energia. Em contraste, Suécia, Polónia e Roménia, são os menos preocupados com essa questão.
Por seu turno, suecos, finlandeses e franceses estão mais preocupados com a ameaça de ataques cibernéticos russos do que os outros cidadãos europeus.
Já os países localizados mais próximos da Rússia - Finlândia, Polónia, Roménia e Suécia - estão preocupados com uma possível ameaça de ação militar russa.
Segundo o ECFR, as opiniões dos europeus sobre as causas da invasão russa variam.
Por exemplo, mais de 80% das pessoas na Polónia, Suécia, Finlândia, Portugal e Reino Unido dizem que a Rússia é a principal responsável pelo início do conflito, contrastando com apenas 56% em Itália, 62% em França e 66% na Alemanha.
Sobre a questão de quem representa o maior obstáculo à paz, 64% das pessoas em todos países dizem ser a Rússia -- mas apenas 39% em Itália e 42% na Roménia concordam.
Em Itália, mais de um quarto dos inquiridos (28%) diz que os Estados Unidos são os culpados, contra 9% nos outros nove países sondados.
A análise refere ainda que os defensores da paz já são o maior grupo entre os europeus e deverão aumentar se crescer o sentimento de que as sanções económicas contra a Rússia não estão a ter resultado.
As próximas semanas vão ser críticas e os dados mostram que deve ser possível manter a Europa unida com as menagens políticas certas, de acordo com o ECFR.
A sondagem sugere também que a rutura da Europa com a Rússia é irreversível, pelo menos no curto e médio prazo. Os europeus parecem estar a olhar para um mundo em que a Europa se dissocia inteiramente da Rússia.
Também são expostas possíveis divisões sobre os refugiados, a adesão da Ucrânia à UE, o impacto nos padrões de vida e a ameaça de escalada militar.
Para o ECFR, a chave para manter a unidade europeia em apoio à Ucrânia é levar a sério os receios de uma escalada e apresentar o conflito como uma luta defensiva contra a agressão russa, em vez de falar sobre a vitória ucraniana e a derrota da Rússia.
A investigação alerta ainda que o "sinal mais preocupante" será como a maioria dos europeus vê a UE com um grande perdedor na guerra, em vez de interpretar a sua relativa unidade como um sinal de robustecimento.
Com cerca de 8.000 inquiridos, a sondagem foi feita em nove Estados-membros da União Europeia (UE) - Portugal, França, Espanha, Roménia, Suécia, Finlândia, Alemanha, Itália e Polónia - e no Reino Unido.