O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, defende que "historicamente não corre bem" incluir os extremos em soluções políticas, voltando assim a afastar acordos com o Chega.
Durante a apresentação do seu livro na Fundação Calouste Gulbenkian, em conversa com o comentador Sebastião Bugalho, Carlos Moedas assumiu que tem "muito medo" da extrema-esquerda e da extrema-direita e afirmou que incluí-los em soluções anula os moderados.
Sobre o seu futuro, Carlos Moedas volta a não revelar se quer voltar a concorrer à Câmara de Lisboa, tal como já tinha dito durante uma entrevista dada à Renascença, precisamente a propósito da chegada do livro às bandas, Carlos Moedas não se comprometeu com uma recandidatura à Câmara da Lisboa.
Marcelo lança Moedas a Belém
Não estava previsto o presidente da República intervir nesta cerimónia, mas Carlos Moedas pediu, e Marcelo Rebelo de Sousa não resistiu a criar mais um facto político depois de encharcar o autor da obra com rasgados elogios: "É dos [políticos] mais sofisticados".
Aproveitando o prefácio do livro - que foi escrito por Emmanuel Macron - o presidente da República vinca que Carlos Moedas não escolheu um autarca para o fazer.
"Não foi escolher nenhum grande autarca francês, foi escolher precisamente o chefe de Estado francês, portanto, ficamos a saber", lançou Marcelo Rebelo de Sousa, provocando um riso geral da plateia.
Troika: elogio a Passos e discórdia com Gaspar
Ao passar em revista os tempos em que trabalhou bem perto de Pedro Passos Coelho, altura em que era secretário de Estado do primeiro-ministro, Carlos Moedas assume que teve divergências na forma de comunicar o cumprimento do memorando da Troika com o então ministro das Finanças, Vítor Gaspar. Moedas queria chamar-lhe "memorando da Troika", Gaspar preferia "memorando de Governo".
Assumindo que foram "tempos muito difíceis" Carlos Moedas elogiou a capacidade política de Pedro Passos Coelho para gerir o resgate ao defender que ninguém teria feito melhor que ele.
"Não há nenhum político que queira cortar salários, se o faz é para salvar o país. Isso foi muito duro mas é um momento do qual tenho um orgulho enorme porque penso que não poderia ter havido outro governo que fosse capaz de o ter feito naquela altura e a capacidade que o primeiro-ministro Passos Coelho teve", destaca Moedas.
“Que grande sala”, exclama Moedas perante direita em peso
Sem tempo a perder, o autarca lisboeta não escondeu a satisfação pela quantidade de personalidades que estiveram no evento. “Que grande sala”, suspirou com um sorriso.
Na apresentação do livro marcou presença o estado-maior da direita portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ex-presidente da República, Luís Marques Mendes, comentador e ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, também antiga líder social-democrata e Hugo Soares, líder parlamentar do PSD e secretário-geral do partido sentaram-se no auditório da Fundação Calouste Gulbenkian.
Inúmeros membros do novo governo fizeram o mesmo: Nuno Melo, ministro da Defesa e líder do CDS, Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e da Habitação, Ana Paula Martins, ministra da Saúde, Margarida Balseiro Lopes, ministra da Juventude, Castro Almeida, ministro da Coesão Territorial e José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura.
A lista não termina aqui: Lídia Pereira, eurodeputada do PSD e recém-eleita vice presidente do Partido Popular Europeu, Filipe Anacoreta Correia, vice-presidente da Câmara de Lisboa, Miguel Morgado, antigo dirigente do PSD, Carla Castro, antiga deputada da Iniciativa Liberal que disputou a liderança do partido com Rui Rocha e até o polémico Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras.
De fora da política houve também várias personalidades que apareceram: Dom Rui Valério, patriarca de Lisboa, Luís Goucha, apresentador de televisão, Tony Carreira, músico, e Luís Represas, cantor.