O antigo diplomata e ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz desvaloriza a chamada do embaixador português no Qatar para prestar esclarecimentos sobre as declarações de Marcelo Rebelo de Sousa.
“Por muito estranho que pareça é uma coisa normal em diplomacia, faz-se mais frequentemente do que a opinião pública pensa”, diz à Renascença o antigo governante.
Segundo a CNN Portugal, o embaixador Paulo Pocinho ouviu das autoridades qataris o desagrado face a declarações de altas figuras do Estado português, entre as quais o Presidente da República, consideradas “hostis”.
Em causa estão, sobretudo, as palavras de Marcelo Rebelo de Sousa que, após o jogo com a Nigéria, antes da partida da seleção para o Qatar, reconheceu que o país organizador do Mundial de futebol não respeita os direitos humanos, preferindo esquecer essa circunstância para se focar na equipa.
Nesta entrevista à Renascença, Martins da Cruz considerou menos normal a posição qatari que terá invocado história relação de amizade como justificação para não tomar atitudes mais drásticas.
“Já não é tão normal, mas também não é descabida, porque também é uma fórmula de dizer, talvez com paternalismo a mais, ‘portaram-se mal, mas como somos amigos há muito tempo, não vamos levar isso que fizeram de mal em consideração’”, argumenta.