A TAP anunciou que a greve dos tripulantes, prevista para o período entre 25 e 31 de janeiro, levará ao cancelamento de 1.316 voos e gerará um impacto direto de 48 milhões de euros, segundo um comunicado.
"Com esta nova paralisação serão cancelados 1.316 voos e afetados 156 mil passageiros, o que representa um custo total direto estimado de 48 milhões de euros (29,3 milhões em receitas perdidas e 18,7 milhões em indemnizações aos passageiros)", destacou a TAP.
A transportadora prevê ainda "perdas de 20 milhões adicionais devido ao impacto potencial nas vendas para outros dias e à sub-optimização de outros voos, com passageiros reacomodados".
Na mesma nota, a companhia destacou que "como já referido pela CEO [presidente executiva], estava a ser analisada uma recompensa a todos os trabalhadores da TAP, na sequência dos resultados obtidos, e que, brevemente, seria anunciada e que fica agora posta em causa".
Na terça-feira, Christine Ourmières-Widener disse, numa mensagem aos colaboradores, a que a Lusa teve acesso que a TAP ia investir 48 milhões de euros em remunerações aos trabalhadores, "para alívio dos cortes salariais", tendo registado, no ano passado, uma "das maiores receitas da sua história".
Os associados do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) rejeitaram, a proposta da TAP e decidiram manter o pré-aviso de greve entre os dias 25 e 31 de janeiro.
No comunicado divulgado, a TAP lamentou esta decisão e as graves consequências que a mesma terá. "Estavam em causa 14 pontos reivindicados pelo SNPVAC. Foram aceites 12, o que representa 85% das propostas em causa", realçou.
A TAP lembrou que "esta foi a segunda assembleia-geral do SNPVAC realizada num curto espaço de tempo e vem na sequência de uma recente greve de dois dias, com impactos negativos na operação, nas expectativas dos passageiros, e de oito milhões nas contas da empresa".
A transportadora aérea disse que ficaram excluídas duas medidas: o "reconhecimento dos níveis de entrada e respetivos pagamentos (processo CAB0 - CAB1); não aceite, devido a este tema estar atualmente a ser tratado em tribunal, havendo alguns casos já decididos a favor da TAP", e "adicionar um Chefe de Cabine nos aviões de longa distância (Airbus A330); não aceite, uma vez que a retirada deste tripulante foi devidamente aprovada pelo sindicato e seus associados, sendo incorporado no Acordo de Emergência, não tendo ao dia de hoje qualquer falha ou dúvida de interpretação adjacente".
A transportadora assegurou que "a cedência desta medida significaria vários milhões de euros, acrescidos ao esforço que já representam todos os pontos aceites, além de colocarem a TAP em desvantagem competitiva com os seus pares europeus que têm hoje menos um elemento também".
"A decisão de avançar com uma greve de 25 a 31 de janeiro deita por terra todo o trabalho de aproximação entre as partes, deixando milhares de clientes da TAP com os seus planos defraudados e afetando seriamente os resultados da companhia", lamentou a transportadora aérea, acrescentando que "num ano especialmente relevante para a concretização do Plano de Restruturação e que conta com desafios acrescidos, como a escalada da inflação, do preço dos combustíveis e a incerteza da procura, a decisão tomada pela assembleia-geral do SNPVAC é infelizmente um obstáculo no caminho".
"Teria sido do mais elementar bom senso e de justiça para todos, tripulantes de cabine e demais trabalhadores da TAP, seus clientes, parceiros e acionistas, que somos todos nós, ter evitado deitar a perder todo o esforço coletivo que tem sido feito até agora e que tão bem encaminhado estava para chegar a bom porto", defendeu a empresa.
A companhia garantiu ainda que "para tentar mitigar os efeitos desta greve nos nossos passageiros, a TAP está a construir um plano de contingência que permita minimizar os transtornos causados, designadamente, através do ajuste da operação, bem como através da flexibilização de alteração do agendamento das viagens e dos reembolsos de bilhetes".
O presidente do sindicato dos tripulantes disse à Lusa que o sentimento de insatisfação dos trabalhadores "é gigante", mas mantém a porta aberta ao diálogo com a empresa.