A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) diz “não” a um salário base de 1.200 euros para os motoristas de matérias perigosas.
A posição foi manifestada esta sexta-feira pelo presidente da ANTRAM, Gustavo Paulo Duarte, no final de um encontro com a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) e dias antes de uma nova reunião com o Sindicato dos Motoristas de Matérias Perigosas (SMMP).
Na terça-feira, a ANTRAM vai reunir-se com o SMMP no Ministério das Infraestruturas, mas Gustavo Paulo Duarte avisa desde já que a economia não está preparada para as reivindicações salariais do sindicato, que exige um salário base de 1.200 euros para o setor.
"Não existem motoristas de primeira e de segunda e estes motoristas têm já um subsídio de risco, de cerca de 150 euros por mês", disse Gustavo Paulo Duarte.
"O que está a ser reivindicado nem na Alemanha é pago. Em Portugal não existe esta realidade", sublinhou o presidente da ANTRAM.
Questionado sobre a ameaça de nova greve por parte do SMMP, como aquela que paralisou o país no mês passado, Gustavo Paulo Duarte lamentou que a greve esteja a ser utilizada "como forma de pressão" quando, no seu entender, deveria ser "o último reduto" quando a negociação falha.
ANTRAM e Fectrans iniciam novo processo negocial confiantes de que "há condições" para evoluir
A ANTRAM e a Fectrans iniciaram esta sexta-feira um novo processo negocial, confiantes de que "há condições para evoluir" no setor.
Segundo José Manuel Oliveira, da Fectrans, que falava aos jornalistas no final da reunião com a ANTRAM, este foi o primeiro encontro para marcar o início de um novo processo negocial com vista à revisão de alguns aspetos contratuais relativos ao contrato coletivo de trabalho assinado em setembro.
"A partir de outubro entrarão em vigor novos valores salariais nas diversas rubricas remuneratórias. É nesse tempo que temos para trabalhar. Cremos que há condições para evoluir", disse o sindicalista, escusando-se nesta altura a avançar quais serão os valores de atualização que irão propor à ANTRAM nas próximas reuniões.
"Atualmente existe uma tabela composta por quatro rubricas com valor mínimo garantido de 900 euros e é a partir daí que vamos trabalhar", disse.
Os sindicatos chamaram, no entanto, à atenção para a necessidade de o Governo desempenhar a sua função de fiscalização, nomeadamente através da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT).
"Não podemos admitir impunidade", disse José Manuel Oliveira.
O presidente da ANTRAM, Gustavo Paulo Duarte, que também falou aos jornalistas, valorizou o processo negocial e sublinhou o caminho que o setor está a seguir de "melhorar as condições laborais".
As reuniões entre as duas estruturas do setor passarão a ser quinzenais, estando a próxima agendada para dia 23 de maio.