O PCP aprovou este sábado a nome do eurodeputado João Ferreira como candidato às presidenciais de 2021, uma "batalha exigente" em que os comunistas recusam uma desistência para outro candidato à esquerda, afirmou o líder comunista.
"A nossa candidatura é para ir até ao fim, com base no seu projeto, nas suas linhas de intervenção", afirmou Jerónimo de Sousa, em conferência de imprensa, no final da reunião do comité central que aprovou, por unanimidade, a estratégia e o candidato presidencial às eleições do próximo ano.
O secretário-geral do PCP não fixou fasquias para o resultado de João Ferreira, sem comparar com o resultado de há cinco anos de Edgar Silva (3,95%) nem com os 8,95% conseguidos pelo próprio Jerónimo, em 2006.
"Não fizemos essas contas", disse, afirmando que os comunistas estão "conscientes das dificuldades, da batalha exigente que tem que ser travada por João Ferreira", acrescentando, porém, que o eurodeputado "vai contar com algo importante": "Todo o nosso coletivo partidário."
A candidatura do PCP não é "para desistir, mas sim para se afirmar, para crescer, para ir para o terreno", insistiu Jerónimo, que sublinhou a "opção de autonomia e independência" relativamente a outros candidatos à esquerda.
A candidatura de João Ferreira, descreveu Jerónimo de Sousa, será para “dar voz ao projeto e valores de Abril, à defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo e á afirmação da igualdade e justiça sociais”.
As próximas presidenciais, afirmou ainda, são um “momento para a afirmação e defesa da Constituição”, empenhando-se os comunistas em colocar no Palácio de Belém “alguém comprometido, nas palavras e nos actos, com a lei fundamental do país e com o regime democrático”.
Jerónimo de Sousa insistiu, como já fizera antes, na crítica ao mandato de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República por se empenhar num “processo de rearrumação de forças políticas” à direita e de “branquear” o PSD.
“O mandato do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para lá do seu ativismo, é marcado pelo seu empenhamento no processo de rearrumação de forças políticas posto em marcha, para branquear o PSD, a política de direita e as suas responsabilidades, reabilitá-los politicamente e reconduzi-lo para um papel de cooperação intensa com o PS, que procura assegurar as condições para a chamada política de ‘bloco central’”, afirmou.
E acusou Marcelo ter falhado na defesa da Constituição e deu o exemplo da promulgação das alterações à legislação laboral, leis que levaram ao despedimento e à precarização de trabalhadores.
O candidato dos comunistas, prometeu, “estará agora onde sempre esteve e onde faltaram os presidentes da República: junto dos trabalhadores e do povo, nas suas lutas pelos seus legítimos direitos, interesses e aspirações”.
João Ferreira, biólogo, 41 anos, é eurodeputado do PCP e vereador da CDU na Câmara de Lisboa.
A candidatura será apresentada numa cerimónia na quinta-feira, em Lisboa.
A seis meses do fim do mandato do atual Presidente da República, são já oito os pré-candidatos ao lugar de Marcelo Rebelo de Sousa.
São eles o deputado André Ventura (Chega), o advogado e fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan Gonçalves, o líder do Partido Democrático Republicano (PDR), Bruno Fialho, a eurodeputada e dirigente do BE Marisa Matias, a ex-deputada ao Parlamento Europeu e dirigente do PS Ana Gomes, Vitorino Silva (mais conhecido por Tino de Rans), o ex-militante do CDS Orlando Cruz e a partir de hoje João Ferreira, do PCP.
[Notícia atualizada às 20h22]