A falta de acordo quanto às sanções impostas à Coreia do Norte travaram o acordo com Kim Jong-un na Cimeira do Vietname. Em conferência de imprensa, Donald Trump explicou que os norte-coreanos “queriam que as sanções fossem levantadas na totalidade. Nós não podíamos fazer isso e tivemos que sair”.
Trump considera que o que os Estados Unidos teriam de abdicar para alcançar o acordo era mais do que aquilo que os norte-coreanos estavam dispostos a dar em troca.
“Podíamos ter assinado um acordo hoje, mas eu não estaria feliz com esse acordo”, disse Donald. E acrescentou: "na realidade, já tínhamos documentos prontos a assinar, mas não pareceu apropriado. É preciso tomar a atitude certa. Prefiro fazê-lo bem do que rápido".
" Eles estavam dispostos a desnuclearizar uma grande parte das áreas que nós queríamos, mas não podíamos, em troca, acabar com todas as sanções para o obter."
"Isto deveria ter sido feito por outros Presidentes antes de mim, antes que eles [Coreia do Norte] tivessem o poder que têm. E não estou a culpar só a administração Obama, que também não fez nada”, salientou.
O Presidente norte-americano adiantou ainda que o líder norte-coreano lhe garantiu que não vai testar mísseis nucleares. “Eu confio nele, na sua palavra e espero que seja verdade”.
Trump destacou que a relação entre ambos é “muito forte” e que cimeira no Vietname foi “muito produtiva”. Contudo, “pensamos que não seria bom assinar algo”, disse aos jornalistas.
Na sua intervenção deixou, contudo, a porta aberta para um futuro entendimento: “vamos continuar a trabalhar e vamos ver”.
"Não desistimos de nada e francamente, acredito que vamos acabar por ser bons amigos, com o Presidente Kim e com a Coreia do Norte. Acho que eles têm um potencial tremendo."
A mesma mensagem quis deixar Mike Pompeo. O secretário de Estado norte-americano destacou que equipas diplomáticas de ambos os países estiveram em negociações durante várias semanas, alcançando “progressos reais”. “Infelizmente não conseguimos ir mais longe para chegar a um acordo”, lamenta.
“Pedimos-lhe para fazer mais, mas ele não estava preparado”, acrescentou Pompeo.
O encontro de dois dias no Vietname, entre Donald Trump e Kim Jong-Un, terminou, assim, mais cedo e sem acordo. Apesar de, durante a cimeira, os dois líderes terem manifestado a esperança de alcançar um acordo, o almoço conjunto foi cancelado, antecipando o fim da cimeira.
Fim abrupto? “Prova que foi uma precipitação”
O fim abrupto do encontro entre Donald Trump e Kim Jong-Un é "a prova de que a cimeira de Hanói foi precipitada", diz opinião de Germano Almeida, especialista em política norte-americana.
O analista considera que esta cimeira interessava às agendas internas dos dois líderes mas, em termos práticos, "oito meses depois [da cimeira] de Singapura, não tinha havido avanços suficientes no terreno para que esta cimeira se tivesse desenvolvido".
Germano Almeida lembra que a declaração assinada na cimeira de junho, em Singapura, foi "positiva, mas muito vaga em relação ao caminho para a desnuclearização da península coreana". Além disso, vários relatórios norte-americanos apontavam para a falta de garantias de que "os norte-coreanos estivessem de facto a congelar o desenvolvimento do processo de nuclearização".
"Estas coisas levam tempo. Os especialistas mostram que o calendário de desnuclearização pode demorar dez anos, portanto houve claramente uma precipitação", diz o analista em entrevista à Renascença.